terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sete anos sem Jorge Luís Melquezedeque

Vitória da Conquista, 03 de novembro de 2008.

Caro amigo Jorge Luís Melquisedeque, quanta saudade!
Nesse 4 de novembro se completará 7 anos da sua trágica (e dolorosa) partida de nosso meio. Sete anos que vivemos sem você, caro amigo!
O triste, perdurado em todo esses 7 anos, não foi a sua partida em si, a qual ela veio inexplicavelmente, mas sim a total ausência que tomamos em relação a essa partida.
Você foi tirado de nosso meio tragicamente e até hoje não fomos capazes de dar uma resposta condigna a sua partida.
Choramos, sofremos e lamentamos muito no inicio da “usa ida”, mas com o passar do tempo, devido a nossa inutilidade em relação ao fato em si, que originou sua triste partida, acabamos somente em momentos esporádicos ainda a lembrar de ti, o que demonstra a nossa fragilidade – ou talvez acomodação? - em relação aos desfalques que a vida nos causa.
Acredito caro amigo, que essa resignação ocorre pelo simples fato de não querermos nos envolver com as tragédias ao nosso redor. Pois além da sua trágica e dolorosa partida, outras pessoas (próximas ou distantes de “nós outros”) também “se foram”, tão dolorosamente e tragicamente como você e deixaram na sociedade as suas dores e lamúrias, esperando pela justiça, não a taliônica, mas aquela que a lei determina para ser cumprida. Será que um dia, mesmo tardia, essa justiça virá?
Jorge, o seu corpo foi dilapidado e queimado, mas essas marcas não ficaram somente nele, o fogo que ali abrasou também marcas em nós deixou, pois, mesmo que aparentemente somente para uns poucos, ainda perpassa o desejo de um dia podermos vê-lo, caro amigo, definitivamente, descansar e isso ocorrerá quando esse crime for, de fato e direito, desvendado. O que ainda faz esse crime ficar na incógnita? O que impede dele ser desvendado? Será que é pelo nosso “calar” ou pelos desvarios que fazem com que os “da Lei” se imitam?
Será que quantos de você, caro amigo Jorge Melquisedeque, ainda terão que martirizarem, para se saber que já se matou demais?
Ao nosso redor o que mais vemos são redes de seguranças cada vez mais espraiadas. Os muros, as nossas sacadas, as nossas casas, ambiente de trabalho, as nossas igrejas, os templos, lojas, sítios, fazendas, em si: “todo o nosso viver”, estão na “era do Show de Truman”, cada vez mais vigiados e sentindo-nos resguardados, alguns ainda conseguem viver em liberdade, mas mesmo assim reféns dos medos que nos rodeiam, caro amigo. O pavor é um dos sintomas da sociedade moderna.
Espero, caro amigo Jorge Luiz Melquisedeque, que de onde você estiver, possa continuar sempre a nos filmar, propiciando-nos que consigamos fazer com que a Vida ainda venha a ser bela e que a reconduzamos, mesmo que ainda utopicamente, para uma seara de justiça, fraternidade e igualdade para todos. Com isso você sonhou por todo o tempo que aqui conosco passou. Cabe agora a nós, pela perpetuação de sua memória, sermos capazes de fazer com que esse filme deixe de ser uma mera ficção, para de fato tornar-se realidade, não é caro amigo?
Com essas noticias que lhe transmito caro amigo Jorge Melquisedeque, deixo-lhe minha grande saudade e afirmo-lhe que enquanto viver sempre clamarei “pela sua justiça”, assim como pela de muitos outros (recentemente, em março desse ano, também, de forma trágica e dolorosa, um primo-sobrinho meu foi tirado “de nosso convívio” e até hoje a “sua justiça” não veio), desejando que aos “da Lei” possam um dia nos traze-las, mesmo que tardia. Assim sendo, você e muitos outros descansarão em paz...
Creio que Deus não nos abandonou e sim que Ele, na sua infinita bondade, tendo acolhido você e tantos outros, na sua morada eterna, dar-nos um espírito sereno para que nunca deixemos n’Ele confiar.
Por esse 4 de novembro de 2008, caro amigo Jorge Melquisedeque, em síntese (embora no meu coração ainda perpassa muitas angústias e aflições) é o que gostaria de falar-lhe e assim o faço.
Creio que no próximo ano, nessa data, (mesmo que ainda seja pelo clamar da justiça ou pelo expressar da alegria do meu sentimento por você), a sua memória ainda voltarei a colocar em evidência, embora ressalte que por muitos dias de todos os anos sempre o tenho presente comigo, pois a sua “presença” sempre me traz um gosto vivaz pela vida e pelas pessoas, mesmo que algumas possam não gostar de mim.
Fique em paz, meu amigo e daqui sempre por ti estarei velando.
Que Deus, que o tem próximo, possa por todos nós também zelar. Amém!
Abraços fraternos de Helio da Silva Gusmão (Helinho)
Seu terno colega de trabalho e admirador eterno.