segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

O que é mesmo cultura?


Obs.: Email respondendo o comentário da atriz Poliana Bicalho na matéria: "Por não ser cliente partidário, Avanilton Carneiro não recebe apoio para ir assistir a Leitura Dramática da sua peça: "O Porão", no RJ", publicada abaixo.


Poly,

Às vezes, há pessoas que, inocentemente, entra nesse meio apenas querendo lutar pelo o engrandecimento da arte, em especíico a área que atua, no nosso caso: o teatro, e desconhece o jogo sujo das entrelinhas:

a) Se a Petrobas patrocinou a Mostra de Cinema, por que houve sobra no caixa para pagar determinadas outras ações culturais? Não deveria ser tudo gasto de acordo planilhas aprovadas? Se há sobras para essas determinadas ações cultuirais, há sobras para outras coisas também;
b) Se para o Natal vem uma verba carimbada, como você mesma se expressa, por que Gildelson me fez a proposta de fazer um recibo como se eu tivesse participando do Natal e fosse ao RJ com o meu dinheiro e depois o receberia de volta? Que histórico iria colocar nesse recibo? Por acaso eu fui encaminhado no projeto como alguém que participaria do Natal? Se poderia haver tal recibo para mim, poderia também haver outros recibos como se estivessem participado do Natal. Então, mostra que a verba não é tão carimbada assim;
c) Se não teve verba para as minhas passagens e hospedagens, por que houve para uma cliente partidária do secretário?
d) Por que quando se trata de reuniões ou encontros políticos não aparecem só passagens não, mas ônibus e mais ôniubs e depois, coincidentemente, quando um pobre ou um doente busca uma passagem negam alegando que a cota do mês já foi esgotada? As hospedagens se transformam em reservas de hoteis e não se vêem saídas para tal em nenhum livro caixa de nenhum partido político;
d) Você já parou para analisar o processo pelo qual saiu o dinheiro para a gente ir a Feira de Santana na participação da II Conferência Estadual de Cultura? O porquê todo mundo recebeu 50,00 sem nenhum recibo? Por que não pegamos nenhum tipo de recibo para comprovar os gastos com alimentações complementares durante a Conferência ou mesmo com as despesas com táxis?
e) Por que membros do partido e funcionários da PMVC vencem editais? Por que os artistas contratados são todos militantes?
f) Por que, no passado, empenhos eram feitos cinco vezes o valor da atividade cultural? A exemplo da famosa Corrida do Natal.
g) Por que os candidatos recebiam dinheiro para gastar na campanha e eram orientados a não declará-lo?
A moeda não tem só cara e coroa.

Agradeço muito os parabéns, pois sei que vem do coração e tenho ciência que você se sente orgulhosa por esse grande passo do Teatro Baiano ter sido dado pelo o Teatro Conquistense, aqui mesmo, do interior, da nossa terrinha. Não passei a matéria para o meu blog por não dispor de um scane, mas ela está no Blog do Anderson.

Infelizmente, por picuinha partidária, não fui. Perdi um grande momento da nossa dramaturgia, mas ele aconteceu. Independente da minha presença ou não, de apoio de um secretário que eles lá nem sabem que existe ou não. Mas o nosso teatro, eles agora sabem que se iguala ao dos dois maiores centros culturais do país, o eixo Rio-São Paulo.

Essa não minha ida é o pecado que nós artistas temos que pagar por permetirmos aventureiros, politiqueiros de carreira, assumirem as funções que devem ser dos atistas. De esquerda ou direito, centro. Mas tem que ser um artista à frente das funções culturais, porque nós temos a sensibilidade de reconhecermos quando o momento é importante e mandamos os nossos representanrtes quando se destacam em projetos como o Seleção Brasil em Cena 2007, porque eleva não só o artista, mas à força da cultura local, o talento do Teatro do Interior Nordestino. Um bruto partidário, analfabeto cultural, não sabe qual o significado de um passo desse para o Teatro Baiano, quer apenas usar do poder para dizer "não" e ser ovacionado, no gabinete, pelos companheiros de siglas por ter prejudicado um adversário, mas o resto do país o repudiou e perguntou: "Quem é esse imbecil que não tem visão política e cultural?"
O que é mesmo cultura?
- É ser ovacionado pelos colegas partidários toda vez que você dizer não a um artista adversário partidariamente.
Outrossim, se o Secretário Municipal de Cultura pede a uma de suas assessoras para sondar ("Todavia insisto em saber os dois lados da moeda que a 'imparcialidade' da mídia teria condição de trazer a tona".) o que eu teria que a mídia poderia trazer à tona é porque ele está preocupado, com medo que eu tenha algo além dos itens citados acima. A carta que um bom jogador a guarda na manga só é jogada à mesa em momentos decisivos como um horário político.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Por não ser cliente partidário, Avanilton Carneiro não recebe apoio para ir assistir a Leitura Dramática da sua peça: "O Porão", no RJ



Email enviado ao diretor da peça: "O Porão" justificando a não ida à Leitura Dramática, no Teatro II, CCBB, Rio de janeiro, no próximo dia 15, às 15h:00.


Caro Ivan Sugahara,

Moro numa cidade proviciana culturalmente. Só de melhor ator, foram oito prêmios trazidos para essa Vitória da Conquista, terra de Glauber Rocha e do meu coração. Venci ou fiquei entre os três primeiros colocados em alguns festivais de teatro. Por quatro vezes consecutivas fui eleito delegado para representar a Bahia em congessos nacionais de teatro. Já venci seis editais à nivel estadual e três, nacional. Agora, fui o único Nordestino a ter uma das minhas quarenta e um peças ("O Porão") selecionada no Concurso "Seleção Brasil em Cena". E não vou poder participar desse passo mais importante que a Dramaturgia Conquistense deu, simplesmente porque não sou cliente partidário do prefeito. É lamentável saber que, dos cantores que virão participar dos festejos natalinos, o valor mais baixo, só com passagens áreas, vai ficar em torno de 3.200,00 pagos à vista. Fora hospedagens e chacês. Só solicitei duas passagens, ida e volta, de ônibus, e R$ 250,00 para hospedagens e alimentação pelos os dois dias que eu ficaria na Cidade Maravilhosa. Me foram negados alegando que o débito com a agência de turismo não havia sido quitado então a mesma suspendeu o fornecimento de passagens. Enquanto o valor para as despesas, fariam um empenho sem previsão de recebimento (Há artistas, da cidade, que cantaram em maio, no Micareta, e até hoje não receberam). Estou passando apertos financieros por conta de uma aposentadoria por invalidez que o Estado nunca pública e enquanto isso reduziu o meu salário em mais de 60%. Por isso, não posso arcar com tais despesas nessa ida ao Rio de Janeiro para aventurar receber ou não. Outras aposentadorias que têm pistolões do mesmo partido do Governador já foram publicadas mesmo tendo dado entrada posterior a minha.
Após o Secretário Municipal de Cultura me negar as passagens, uma colega, da dança, as conseguiu para São Paulo apenas para participar, por um dia, de uma oficina com alguém que vem da Itália. Ela é cliente partidária do prefeito.
Recentemente, 15 de outubro, atores da minha peça: "Colégio Kadija" foram impedidos de distribuírem panfletos divulgando-a durante um churrasco em homenagem aos professores, bem como os seus cartazes não foram autorizados a serem afixados nas escolas estaduais. Mas, o maior absurdo, foi eu ter que suspender a peça e estou preparando novo elenco, porque cinco atrizes, por ironia do destino, eram filhas de diretoras de escolas públicas e a peça critica justamente os benefícios que o Governador deixa de fazer pela a caótica Educação Baiana que ocupa o vergonhoso 26º lugar no Ranque Nacional.
Jamais imaginava ser censurado por essa "esquerda" que tão heroicamente lutou para derrubar a censura quando era oposição. E eu deu a minha contribuição. Quantos muros eu pichei: "Abaixo a Censura"? De quantas passeatas eu participei? Aqui e em Salvador? Pelo Fim da Censura e pelas Diretas Já?
Infelizmente, não vou poder assistir a Leitura Dramática da peça: "O Porão", de minha autoria, no próximo dia 15, às 15h:00, no Teatro II, do CCBB, RJ, sob sua direção. Desejo-lhe um ótimo trabalho e dê merda aos atores por mim. Percebe-se o porquê Glauber Rocha deixou essa cidade logo cedo e nunca ligou em divulgá-la, pois sabia que jamais encontraria apoio para se tornar o Glabuer Rocha vivendo sob essa política mesquinha e cega que faz de tudo para enterrar os talentos que não são clientes partidários dos prefeitos.
Hoje, um bando de oportunistas vivem usando o nome de Glauber para conseguir aprovar projetos como a última Mostra de Cinema Conquista. Eu só não consegui entender como que o Secretário Municipal de Cultura, Gildelson Felício, me justificou de que alguns gastos com os Festejos Natalinos ficariam por conta de uma sobra da referida Mostra. Pensei que a Petrobas só aprovava verbas que tivessem gastos comprovados e previamente estabelecidos em planilhas. Faltar dinheiro nos projetos é comum. Mas, sobrar? Desviar tais sobras para outros fins? O Brasil já sabe o que é isso.
Recentemente, o Secretário Municipal de Cultura, Gildelson Felício, pediu para que eu não desse "pau" nele na imprensa, por eu ser seu amigo, referindo-se quando eu respondi a uma pergunta de um repórter e a concluir falando que a Secretaria Municipal de Cultura só servia como cabide de empregos, atender aos clientes partidários e fazer caixinha para os partidos políticos. Disse-lhe que não podia deixar de denuciar tais arbitrariedades, mas como amigo eu escondia coisas mais graves tal a que ocultei, no auge do Mensalão, que eu poderia tê-lo denunciado que, em 2000, quando saí candidato a vereador pela sigla em que ele era o presidente, eu e todos os demais vinte e seis candidatos, recebemos, das mãos dele e do Deputado Walter Pinheiro, no então comitê do então candidato a vereador Genivan, na Av. Lauro de Freitas, uma certa quantia para gastos emergiciais e pediram para a gente não prestar contas: era o Caixa Dois. O protegi, mas ele não foi digno de viabilizar a minha ida ao Rio de Janeiro para participar desse momento histórico para a Dramaturgia Conquistense, exclusivamente por eu não ser mais cliente partidário do prefeito dele.

Atenciosamente,

Avanilton Carneiro

sábado, 1 de dezembro de 2007

Avanilton Carneiro encaminha sugestões ao FAZ CULTURA e ao FUNDO DE CULTURA

(Célia Santos, Avanilton Carneiro e Stone. Representantes do Teatro Conquistense)


Valorizo a idéia de buscar, junto às classes culturais, idéias para melhorar o Fundo de Cultura e o FAZ CULTURA. Lembrando que houve muitos encaminhamentos referentes nas Conferências. Será que não vão ser aproveitados?



a) Antes de tudo, a cultura do interior não pode ficar de fora do projeto: “Sua nota é uma show”. Por que só o futebol tem essa regalia? Muitos artistas passariam a sobreviver no próprio interior se houvesse uma territorização desse projeto. Poderiam começar com as grandes cidades: Vitória da Conquista, Feira de Santana, Jequié, Itabuna, Ilhéus, Juazeiro etc. Após certo tempo estenderiam para todas as demais cidades. Não vejo mais o porquê de excluir a cultura do interior desse projeto. Incluir a cultura do interior no “Sua nota é um show” é exercer cidadania. Deixá-lo de fora é discriminação social;



b) Tanto o FAZ CULTURA como O FUNDO DE CULTURA têm que ser territorizados proporcionalmente. Essa sugestão, eu a encaminhei durante as Conferências: municipal, territorial e estadual. Em ambas as esferas foram aprovadas. Mostra que os artistas do interior baiano querem esse processo imediato para assegurar a participação do interior, proporcionalmente, nesses programas;



c) Um fator importante que sugerir no workshop dos editais e foi aceito por aclamação pela platéia, mas acho que a técnica não fez nenhum encaminhamento, refere-se à descentralização da entrega dos projetos do FAZCULTURA. Para um artista entregar o seu projeto, ele tem que se deslocar do interior até a secretária competente EXCLUSIVAMENTE para protocolá-lo. Um desrespeito ao artista do interior que mesmo na incerteza de captar os recursos ou não já entra gastando com despesas de hospedagens, passagens, táxis, alimentação etc. Deveriam, como sugerir, usar os centros regionais de cultura para tais recebimento e protocolos. Seria o caso de treinar um funcionário. Suponhamos, o artista de Condeúba não precisaria se deslocar até Salvador, encurtaria sua viagem até Guanambi ou Vitória da Conquista. Alertei ainda de que se a Secretaria da Fazenda se opusesse por se tratar de secretarias distintas, colocariam as Delegacias da Receita Estadual para exercer tais funções. Seria até melhor porque há mais Delegacias Regionais de Receita Estadual do que Centros Culturais no interior do Estado. Prática como essa, evitaria fatos como os que me ocorreram:


c.a) Por falta de verba para tais despesas a Salvador, deixei de protocolar, em 2007, três projetos no FAZ CULTURA:


c.a.a) “Ribalta – O Informativo do Teatro Baiano”;


c.a.b) “Parados no Trampolim”, de Avanilton Carneiro, montagem teatral;


c.a.c) “Publicação Independente”.


c.b) Enviei o projeto: “Teatro na Sala de Aula” ao Fundo Estadula de Cultura e até hoje não recebi nenhum comunicado se foi aprovado ou se foi recusado.



d) Desburocratizar ambos os programas. Não adianta discurso bonito culpando o Governo passado de que poucas entidades culturais e poucos artistas do interior participaram, que os recursos se centralizaram nas mãos de poucos da capital. O que elimina a participação do interior é a burocratização. O Deputado Waldenor Pereira, nas aberturas das conferências Muncipal e Teritorial fez tal discurso culpando oGovernopassado, mas se esqueceu de assumir a verdadeira culpa, porque ele foi um dos deputados que aprovaram a Lei Burocrática do FAZ CULTURA e que eliminou à queima roupa praticamente todo artista do interior. Vamos supor, o Grupo Avante Época-Teatro, completou 35 anos, em 2007. Ficou de fora de um edital que teve sua inscrição prorrogada por falta de inscrições: “Manutenção de entidades Culturais” apenas por um item: Reconhecimento de Utilidade Pública Estadual. Pra que isso, se a entidade atua no âmbito municipal? Ambos os programas são discriminatórios, seletistas, continuam beneficiando apenas a elite da cultura baiana. O interior vai continuar a ficar de fora, porque não atende as exigências burocráticas. Fazer arte não é se burocratizar, mas expressar a beleza oculta dos sentimentos sensíveis. São mais papeis do que projetos, do que a própria arte em si. Há de se lembrar de que o artista do interior não tem dinheiro para se burocratizar, de que nas suas respectivas cidades não têm nem como ele se burocratizar. Então, como exigir tantos detalhes desnecessários? Aposto de que a estatística, em 2007, não foi tão diferente da dos anos anteriores justamente por causa da burocracia de que esses programas exigem.
e) Promover encontros com o interior para um estudo de como desburocratizar esses programas para dar oportunidade a todos participarem;
f) Determinar de que a cidade só entraria na territorização do FAZ CULTURA e Fundo de Cultura mediante a criação do FAZ CULTURA MUNICIPAL fundamentado no ISS de cada Município. Assim, as prefeituras seriam obrigadas a criarem suas respectivas leis municipais de incentivo à cultura as quais tanto resistem e vêm prejudicando a cultura local.
g) Divulgar, assim como faz com o FAZ CULTURA, todo o projeto recebido no FUNDO ESTADUAL DE CULTURA, bem como, os respectivos projetos contemplados e os recusados para o artista do interior acompanhar os rumos dos seus projetos.
h) Por último, seria a questão mais polêmica, porém, a Cultura Baiana, daria um salto: Determinar, através de lei ou portaria, a obrigatoriedade do empresário em aplicar, no FAZ CULTURA, determinado percentual estabelecido por lei, que sua empresa teria condições de aplicar na cultura local da cidade onde atua sua sede e respectivas filiais de acordo o já estabelecido no próprio FAZ CULTURA, caso ele não aplicasse, o referido mutante iria para o Fundo Estadual de Cultura e este destinaria proporcionalmente aos respectivos Fundos Municipais de Cultura obrigando assim cada Município a criar o seu Fundo Municipal de Cultura para receber tal verba a qual só poderia ser gasta na cultural local, no ano seguinte.