Foto: Enquanto isso Renan vai conseguindo livrar mais uma empreiteira de ser investigada. Parece que um dos fortes do Democratas está satisfeito. Mesmo de costas percebe-se o sorriso aberto.
Outrora, trocar cargos por apoio político, era uma prática do PFL (Demo), hoje quem coordena esse tipo de chantagem é o PMDB (Infestado de ex-democratas que imigraram para o PMDB só para estarem na base aliada do governo e usufruírem dos benefícios) Não há quem me convença contrário que não seja essa modalidade o verdadeiro e autêntico mensalão, caixinha para os partidos.
O título das manchetes nos principais jornais do país foi praticamente o mesmo: “PMDB da Câmara derrota governo e ameaça apoiar CPI da Navalha”. Primeiro vamos à derrota: A bancada do PMDB foi de encontro ao Governo Lula e votou na emenda 7 apresentada pelo o ex-Ministro da Educação, deputado Paulo Renato (PSDB-SP). Segundo o líder do governo, José Múcio Monteiro (PSB-PE) “essa derrota vai significar um prejuízo de mais de 1,6 bilhões de reais aos cofres da União”. A emenda 7 reduz parcialmente o comprometimento dos Estados para formação do novo Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (FUNDEB).
Até aí tudo bem. O brasileiro poderia pensar que seria uma estratégia para desafogar os estados e fazer a União entender que o maior investimento na educação tem que ser um papel dela e não dos estados. Há estado que não tem verba sequer para fazer o investimento básico que a educação merece quanto mais desenvolver projeto político educacional do Governo Federal. Porém, os estados só ganharam essa fatia porque o deputado Paulo Renato percebeu que o recado do presidente Lula, durante a coletiva, que “não aceitaria pressão para ocupar os cargos públicos” poderia por fim ao mensalão mais tradicional que existe na política: dar os cargos aos partidos que apoiaram o presidente eleito. E os partidos indicam a pessoa que tem o perfil de fazer a caixinha para as siglas partidárias e não o profissional competente para atuar na área correspondente a pasta. Daí gera as enxurradas de corrupção que a gente tem visto, porque só se aproximam da determinada pasta as empresas que já têm um engajamento com os deputados ligados aos partidos que lutaram pelo o cargo. Não é a toa que expressões, como: “Ali é de quem?” “De fulano.” “Então nem vou concorrer”. São comuns no meio político.
A derrota do Governo e a vitória dos estados se deram devido a uma hábil articulação do deputado Paulo Renato junto às bancadas de apoio ao Governo Lula ao alertá-las de que se o presidente anunciou de que “não aceitaria pressão para nomear os cargos de confiança” isso significaria que iria tirar o quinhão dos partidos e botar gente dele. Os partidos precisariam mostrar força e que os cargos são do presidente, mas entram quem os partidos determinam respeitado as suas respectivas fatias no contexto divisório do bolo. Os partidos da base entenderam o alerta do hábil deputado e mandaram um recado ao presidente Lula para ele entender que não é como ele quer. Votaram contra ele nessa emenda 7 e de sobra estão ameaçando articular as assinatura necessárias para a CPI da Navalha.
E a fatia que deu a vitória a emenda 7 foi FURNAS. Acham que o PMDB vai querer perder essa mina? Nem pensar. E que derrota. Dos 88 deputados do PMDB presentes, 79 votaram contra e só 09 a favor. O recado Lula já recebeu. Resta saber se ele vai ter pulso para sustenta a declaração da coletiva ou o velho tradicional mensalão vai prevalecer e o presidente não vai passar de mais um zero à esquerda nas mãos dos legislativos. Vamos aguardar.
Nesse esquema, quem perde é a nação, porque a pessoa indicada vai ser alguém já vivido nos horríveis esquemas políticos, especialistas em beneficiarem os partidos e seus respectivos políticos com mandatos.
Mas não foi só o PMDB que entendeu o alerta do deputado Paulo Roberto. Outros partidos da base aliada também mandaram os seus recados. Isso significa que todo mundo está esperando ter a sua fatia servida pelo o presidente, ou seja, o presidente formalizar o mensalão com cada um deles. Nomeados os nomes indicados pelos os partidos, todo mundo fica tranqüilo. Os partidos porque vão ter os seus representantes nos cargos preteridos e seus esquemas vão poder ser colocados em prática, os empresários porque sabem que as licitações vão ser vencidas por eles. Vai ser a hora de receberem o que investiram nas campanhas. O presidente vai saber que suas medidas provisórias vão ser aprovadas, não vai ser derrotados em outras emendas, suas viagens vão estar garantidas, sua blindagem vai estar confirmada. E o povo? O eleitor? Continuarão dormindo em berços esplendos, nas intermináveis filas do Bolsa família, postos de saúde; sendo alvo das balas perdidas, morrendo por uma picada de um mosquitinho, vítimas fatais dos incontáveis acidentes automobilísticos nas precárias estradas a fora. Ainda há quem diga que mensalão nunca existiu. Foi coisa de um deputado revoltado com a vida, por isso foi cassado justamente por não provar. E essa velha partilha das fatias é o quê? É o emprego dos partidos que passam a receber suas mensalidades através dos altos salários pelos os cargos ocupados. E como café pequeno: os alugueis de apartamento das amantes, as pensões das amantes, os carros de luxo nas garagens, as malas de dinheiro para as campanhas.
Só à nível de informação, vejamos os demais partidos que votaram contra o Governo na emenda 7. Isso significa que o presidente Lula recebeu diversos recados de que não é ele o forte de Brasília. O forte, de lá Lula, é o Poder Legislativo. O presidente não passa de marionete nas mãos desse poder. Imaginem o povo?
No PCdoB, de 13 deputados, só Aldo Rebelo (SP), votou com o Planalto. (Mesmo sendo traído na disputa pela presidência da câmara) No PDT, o governo perdeu de 11 a 8. No PSB, a derrota foi por 19 contra 8. No PR, 22 deputados votaram contra e 14 a favor. Proporção menor deu-se no PP, onde o governo contou com o apoio de 26 deputados, mas perdeu 8 votos. Não era para perder nenhum voto. Afinal reabriram as contas de Maluf que estavam bloqueadas. No PT, apenas o deputado João Paulo Cunha (SP) votou contra, mas disse ter se enganado. Um deputado, que depois de tantos anos, ainda não aprendeu a votar. Sabe-se que todos esses partidos ou blocos de deputados estão esperando a sua fatia. O presidente tem que aprender a elaborar o seu discurso e não falar mais besteiras. Onde já se viu, neste país, um presidente, ou qualquer outro executivo, falar que não aceita pressão? Quem já passou por um cargo executivo é que sabe quantas mãos já bateram nas suas mesas ou como elas batem. Só param quando as mensalidades começam a entrar normalmente nas contas dos seus indicados, os percentuais nos cofres dos partidos e as poupanças das empreiteiras a engordarem, porque a próxima campanha está chegando.