quinta-feira, 31 de maio de 2007

O Velho mensalão ou apenas uma barganha política?

Foto: Enquanto isso Renan vai conseguindo livrar mais uma empreiteira de ser investigada. Parece que um dos fortes do Democratas está satisfeito. Mesmo de costas percebe-se o sorriso aberto.



Outrora, trocar cargos por apoio político, era uma prática do PFL (Demo), hoje quem coordena esse tipo de chantagem é o PMDB (Infestado de ex-democratas que imigraram para o PMDB só para estarem na base aliada do governo e usufruírem dos benefícios) Não há quem me convença contrário que não seja essa modalidade o verdadeiro e autêntico mensalão, caixinha para os partidos.
O título das manchetes nos principais jornais do país foi praticamente o mesmo: “PMDB da Câmara derrota governo e ameaça apoiar CPI da Navalha”. Primeiro vamos à derrota: A bancada do PMDB foi de encontro ao Governo Lula e votou na emenda 7 apresentada pelo o ex-Ministro da Educação, deputado Paulo Renato (PSDB-SP). Segundo o líder do governo, José Múcio Monteiro (PSB-PE) “essa derrota vai significar um prejuízo de mais de 1,6 bilhões de reais aos cofres da União”. A emenda 7 reduz parcialmente o comprometimento dos Estados para formação do novo Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (FUNDEB).
Até aí tudo bem. O brasileiro poderia pensar que seria uma estratégia para desafogar os estados e fazer a União entender que o maior investimento na educação tem que ser um papel dela e não dos estados. Há estado que não tem verba sequer para fazer o investimento básico que a educação merece quanto mais desenvolver projeto político educacional do Governo Federal. Porém, os estados só ganharam essa fatia porque o deputado Paulo Renato percebeu que o recado do presidente Lula, durante a coletiva, que “não aceitaria pressão para ocupar os cargos públicos” poderia por fim ao mensalão mais tradicional que existe na política: dar os cargos aos partidos que apoiaram o presidente eleito. E os partidos indicam a pessoa que tem o perfil de fazer a caixinha para as siglas partidárias e não o profissional competente para atuar na área correspondente a pasta. Daí gera as enxurradas de corrupção que a gente tem visto, porque só se aproximam da determinada pasta as empresas que já têm um engajamento com os deputados ligados aos partidos que lutaram pelo o cargo. Não é a toa que expressões, como: “Ali é de quem?” “De fulano.” “Então nem vou concorrer”. São comuns no meio político.
A derrota do Governo e a vitória dos estados se deram devido a uma hábil articulação do deputado Paulo Renato junto às bancadas de apoio ao Governo Lula ao alertá-las de que se o presidente anunciou de que “não aceitaria pressão para nomear os cargos de confiança” isso significaria que iria tirar o quinhão dos partidos e botar gente dele. Os partidos precisariam mostrar força e que os cargos são do presidente, mas entram quem os partidos determinam respeitado as suas respectivas fatias no contexto divisório do bolo. Os partidos da base entenderam o alerta do hábil deputado e mandaram um recado ao presidente Lula para ele entender que não é como ele quer. Votaram contra ele nessa emenda 7 e de sobra estão ameaçando articular as assinatura necessárias para a CPI da Navalha.
E a fatia que deu a vitória a emenda 7 foi FURNAS. Acham que o PMDB vai querer perder essa mina? Nem pensar. E que derrota. Dos 88 deputados do PMDB presentes, 79 votaram contra e só 09 a favor. O recado Lula já recebeu. Resta saber se ele vai ter pulso para sustenta a declaração da coletiva ou o velho tradicional mensalão vai prevalecer e o presidente não vai passar de mais um zero à esquerda nas mãos dos legislativos. Vamos aguardar.
Nesse esquema, quem perde é a nação, porque a pessoa indicada vai ser alguém já vivido nos horríveis esquemas políticos, especialistas em beneficiarem os partidos e seus respectivos políticos com mandatos.
Mas não foi só o PMDB que entendeu o alerta do deputado Paulo Roberto. Outros partidos da base aliada também mandaram os seus recados. Isso significa que todo mundo está esperando ter a sua fatia servida pelo o presidente, ou seja, o presidente formalizar o mensalão com cada um deles. Nomeados os nomes indicados pelos os partidos, todo mundo fica tranqüilo. Os partidos porque vão ter os seus representantes nos cargos preteridos e seus esquemas vão poder ser colocados em prática, os empresários porque sabem que as licitações vão ser vencidas por eles. Vai ser a hora de receberem o que investiram nas campanhas. O presidente vai saber que suas medidas provisórias vão ser aprovadas, não vai ser derrotados em outras emendas, suas viagens vão estar garantidas, sua blindagem vai estar confirmada. E o povo? O eleitor? Continuarão dormindo em berços esplendos, nas intermináveis filas do Bolsa família, postos de saúde; sendo alvo das balas perdidas, morrendo por uma picada de um mosquitinho, vítimas fatais dos incontáveis acidentes automobilísticos nas precárias estradas a fora. Ainda há quem diga que mensalão nunca existiu. Foi coisa de um deputado revoltado com a vida, por isso foi cassado justamente por não provar. E essa velha partilha das fatias é o quê? É o emprego dos partidos que passam a receber suas mensalidades através dos altos salários pelos os cargos ocupados. E como café pequeno: os alugueis de apartamento das amantes, as pensões das amantes, os carros de luxo nas garagens, as malas de dinheiro para as campanhas.
Só à nível de informação, vejamos os demais partidos que votaram contra o Governo na emenda 7. Isso significa que o presidente Lula recebeu diversos recados de que não é ele o forte de Brasília. O forte, de lá Lula, é o Poder Legislativo. O presidente não passa de marionete nas mãos desse poder. Imaginem o povo?
No PCdoB, de 13 deputados, só Aldo Rebelo (SP), votou com o Planalto. (Mesmo sendo traído na disputa pela presidência da câmara) No PDT, o governo perdeu de 11 a 8. No PSB, a derrota foi por 19 contra 8. No PR, 22 deputados votaram contra e 14 a favor. Proporção menor deu-se no PP, onde o governo contou com o apoio de 26 deputados, mas perdeu 8 votos. Não era para perder nenhum voto. Afinal reabriram as contas de Maluf que estavam bloqueadas. No PT, apenas o deputado João Paulo Cunha (SP) votou contra, mas disse ter se enganado. Um deputado, que depois de tantos anos, ainda não aprendeu a votar. Sabe-se que todos esses partidos ou blocos de deputados estão esperando a sua fatia. O presidente tem que aprender a elaborar o seu discurso e não falar mais besteiras. Onde já se viu, neste país, um presidente, ou qualquer outro executivo, falar que não aceita pressão? Quem já passou por um cargo executivo é que sabe quantas mãos já bateram nas suas mesas ou como elas batem. Só param quando as mensalidades começam a entrar normalmente nas contas dos seus indicados, os percentuais nos cofres dos partidos e as poupanças das empreiteiras a engordarem, porque a próxima campanha está chegando.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

1,5%, 1,5%, 1,5%; 28,5% pra Lula. Permitir sobrar só R$ 5.000,00 pra Waldir. É deixar os professores com cara de palhaço.

É inacreditável. Eu não posso compreender. Se eu estivesse o tempo todo do outro lado, poderiam até falar que seria picuinha política da minha parte. Mas, não. Estive à frente de tantas greves. Coloquei cadeados e os enchi com “durepox” nos portões do ICEEP, Colégio Edvaldo Flores e Educandário Batista Pestalozzi. E eram instituições só conveniadas. Trabalhava com cadastro emprestado. Moda do Governo Waldir Pires/Nilo Coelho. Quantas vezes fui as ruas gritar por salários dignos para a nossa classe? Sou professor. E quantas vezes eu voltei com a cabeça baixa e o rabo entre as pernas? Desmoralizado juntamente com os meus colegas? E sonhávamos um dia chegar ao poder e ter o nosso reconhecimento. Apenas um salário que desse pra comer, pagar as contas e sobrar um pouquinho para a educação e lazer dos meus filhos. E não o salário que não dava pra pagar sequer o gás. Comprava fiado. E quando, no final do mês, aquela música da companhia de gás soava, no início da rua, e o salário havia entrado e sumido, ecoava como os sinos de Notre Dame. Já não bastava a decepção da última greve que era uma luta para não deixar isso acontecer. Cabisbaixo, tinha que abrir a porta e ver o cobrador crescer pra cima de mim. Um professor? Anos de estudo! Quatro anos só numa faculdade? E ter que passar por aquilo? “Um dia a gente vai ganhar e vou ter um salário digno pra não deixar isso acontecer mais”. Eu já participei de greve com Jaques Wagner empunhando a nossa bandeira pelos merecidos 35%. Eram muito? Não. O sindicato justificava ser apenas perdas ao longo dos anos. (Eu questionava a tamanha incompetência de deixar acumular tanto. Mas não levantava a minha voz para não dividir o movimento. E estavam a erguer a nossa bandeira, mesmo que fosse só nos anos eleitorais para arrebentarem as urnas de Alice Portugal, Waldir Pires, Jaques Wagner, Guilherme Menezes, Waldenor e tantos outros defensores dos educadores nas épocas das campanhas. Cadê essa turma? Permitem os 1,5%, 1,5%, 1,5%? Cadê as vozes deles? O ano que vem a gente escuta.).
Quando os ex-companheiros chegaram ao poder, eu já estava aposentado por invalidez, vergonhosamente com o salário reduzido ainda mais. Adoecer trabalhando pro Estado você tem que perder 30% sobre o salário de fome. Imagine, hoje, como eu encaro o Moço do Gás?
De repente, eu vejo Guilherme Menezes, Alice Portugal, Waldir Pires, Lula. Sarney! Outrora tão combatido por Lula, hoje, grandes amigos. Todos eles receberem 28%. Cresceu a expectativa. Finalmente! Nem liguei para a incompetência de Waldir Pires no caso dos controladores. Tão pouco para sua declaração absurda; “Depois que pago todas as contas só sobram R$ 5.000,00 pra mim”. Que é isso, companheiro? Eu estava sozinho na sala. Mas morri de vergonha por toda a nação. Rir? Gozar? Protestar? De que iria adiantar algum encaminhamento? Ele já havia ganhado os 28,5%. Não seriam mais sós os minguados 5.000,00. Vão ser mais de R$ 6.500,00. Faça bom proveito, Waldir. Tenho certeza que você não passa vergonha diante de “Seo” Pedro, o Moço do Gás.
Eu não pude acreditar quando uma profissional da educação saiu do gabinete do Governador Jaques Wagner, falando que compreendia que o “Querido Governadozinho”, tão cansado de passear de Lancha, beber sua CERVEJA (Bota preço numa garrafa de cerveja), com a ministra (Será que ela não veio com seus próprios recursos?), não podia dar o tão sonhado aumento aos professores. Que decepção. Logo a seguir o GOVERNADOR imponentemente anuncia os 4,5%, subdivididos em três parcelas. Não importa pra quando. É saber que não tem jeito. É farsa pura. Bruta enganação. Manipular, fazer dos professores marionetes. Se a fumaça está saindo do motor da lancha, se os seus companheiros já estão atrás das grades. Antes que o fogo apareça. Salve os educadores, Governador. Iguale o percentual dos professores ao dos seus dois grandes mestres: Lula e Waldir Pires, ou seja, não queremos cerveja servida na lancha, apenas 27,5%. Queremos comprar o gás a dinheiro.

É certo recorrer a um tipo de droga para fazer uma cena de sexo?

Eva Mendes

Eva Mendes e o parceiro na cena de sexo, Joaquim Phoenix


A atriz Eva Mendes, 33 anos, disse aos jornalistas em Cannes, ao apresentar o filme "We Own the Night", que só conseguiu gravar a cena de sexo com Joaquim Phoenix após tomar uma "vodca com suco de laranja", informou a revista People.
"Sou muito profissional e nunca bebo quando estou trabalhando. Mas naquela manhã, tive que tomar umas doses de vodca com suco de laranja", disse a atriz americana.
Quando os jornalistas perguntaram se a mulher que aparece nas telas ainda é Eva Mendes ou apenas um personagem, a atriz respondeu: "Meus peitos ainda são meus peitos".
A atriz ainda contou que esta foi sua primeira cena de sexo. "Ainda bem que foi feita com estes palhaços. No final da gravação estávamos todos rindo". (Até aqui – Crédito:
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI1643892-EI1176,00.html)


Uma declaração digna de vergonha para hollywood


Talvez, quando Eva Mendes deu essa declaração não pensou na questão ética profissional que suas palavras escondiam. Poucas palavras que derrubaram o conceito de diversas instituições dramáticas bem como profissionais ligados ao teatro e cinema.
Vamos por partes:
a) A Escola de Dramaturgia onde ela estudou. Mostrou que não foi capaz de prepará-la para uma cena de sexo. Faltou um completo desbloqueio corporal;
b) O diretor do filme: “We own the Night”. Ela o colocou como incapaz de preparar um laboratório para quebrar o bloqueio da atriz. A ele restariam duas questões: 1ª - Saber antecipadamente da atriz se ela teria coragem de fazer a cena, porque no teatro, televisão e cinema, nenhum ator ou atriz vai fazer um trabalho sem saber se há uma cena de beijo, nudez ou sexo. Todos são consultados, recebem as devidas explicações. Fazem se tiver coragem, nenhum empecilho por parte dos maridos ou esposas. 2ª - Após um pré-teste, seria optar por outra atriz quando percebesse a incapacidade de Eva Mendes em fazer a cena;
c) Hollywood em si: Mostra que nem todos os astros são devidamente preparados para seus respectivos papeis, cai uma máscara milionária que corre por trás de cada produção cinematográfica. Investem tanto nos grandes detalhes e quando chega frente a esse probleminha uma atriz tem que usar de um determinado tipo de droga para fazer a cena. Resta saber se foi por falta de coragem, vergonha mesmo ou porque não conseguiu encarar o ator? Nada disso seria justificativa para ingerir bebida alcoólica na hora do trabalho.
d) A profissional: Se ela tenta se justificar que é uma profissional, mas que bebeu na hora da cena. Se fosse certo, ela própria não teria feito nenhum tipo de alerta quanto ao ser profissional ou não. Quando um profissional está certo ele não precisa alertar a todos: “Eu sou profissional”. Tão somente mostra a sua competência.

e) A atriz em si: Não assisti ao filme. Não vi a sua interpretação. Mas repudio a sua ação: se valer do álcool para conseguir fazer uma cena de sexo. Mostrou fraqueza para consigo, o público e todos os seus orientadores, diretores e atores que passaram por sua trajetória profissional. O leitor deve estar pensando que eu estou exagerando. Não estou. Ela é uma atriz famosa. O seu sucesso vai influenciar toda uma nova geração de atrizes em diversos paises que vai recorrer a algum tipo de droga para fazer uma determinada cena de sexo ou mesmo outra cena difícil. E hoje, o ator não precisa mais buscar às drogas para conseguir fazer uma determinada cena. Há exercícios para todas as cenas possíveis, bem como diretores ou terapeutas competentes para elaborarem laboratórios dignos de quebrar qualquer barreira que uma atriz tenha. E o mais honesto: se a atriz não tiver condições de fazer determinada cena, saia e deixe-a para quem não precisa recorrer a nenhuma tipo de droga por mais leve que seja. Isso porque se numa cena ela usa um copo de vodca; numa outra, ela vai sentir a necessidade da maconha porque a cena vai ser mais difícil; de repente, ela vai precisar da cocaína porque a próxima cena será bem mais pesada. E não haverá mais volta nem para ela nem para todas as atrizes ao redor do mundo que a tiveram como espelho e seguiram ao seu péssimo exemplo amplamente divulgado no 60º Festival de Cannes.

domingo, 27 de maio de 2007

Os premiados do Festival de Cannes


(Fotos: Jane Fonada entrega o prêmio ao romeno, Cristian Mungiu; A atriz sul-coreana, Jeon Do-yeon, recebe o prêmio de melhor atriz).

O filme: "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" (4 Luni, 3 Saptamini Si 2 Zile), do romeno Cristian Mungiu, conquistou neste domingo a Palma de Ouro do 60º Festival de Cannes.
Relação dos premiados:
Palma de Ouro: "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", do romeno Cristian Mungiu.
Grande Prêmio: "Mogari no Mori", da japonesa Naomi Kawase.
Prêmio do Júri "Persépolis", da franco-iraniana Marjane Satrapi e do francês Vincent Paronnaud, e "Luz silenciosa", do mexicano Carlos Reygadas.
Melhor atriz: A sul-coreana Jeon Do-yeon, por "Secret Sunshine".
Melhor ator: O russo Konstantin Lavronenko, por "Izganie".
Melhor direção: O norte-americano Julian Schnabel por "Le Scaphandre et le Papillon".
Melhor roteiro: "Do Outro Lado", do turco-alemão Fatih Akin.
Prêmio Especial: "Paranoid Park", do americano Gus Van Sant.
Palma de Ouro de Curta-Metragem:
"Ver Llover", da mexicana Elisa Miller.
Câmara de Ouro: "Les Méduses", dos israelenses Etgar Keret e Shira Geffen.


UM POUCA DA HISTÓRIA


Em 1946, a França saía da 2º Guerra, com o desejo de recuperar a tradição artística e a grandeza perdidas com a ocupação nazista. Uma das formas encontradas para alcançar este objetivo, aliada ao esforço de revitalização do turismo na Côte D'Azur, foi a retomada do projeto de criação do Festival Internacional do Cinema de Cannes, que havia sido abandonado quase sete anos antes. Marcado para setembro de 1939, o 1º festival foi atropelado pelos acontecimentos que mergulharam a Europa e o mundo na 2ª Guerra. Mesmo assim, o júri, que deveria ser presidido pelo pioneiro Louis Lumière, ainda teve tempo de assistir em sessão privada a pelo menos um dos que seriam os concorrentes daquele ano: "O Corcunda de Notre Dame", de William Dieterle, com Charles Laughton. Após o fim da guerra, o festival foi inaugurado numa festa apoteótica em que Grace Moore cantou "A Marselhesa", marcando o início de uma nova era para a França. Desde então, durante 15 dias a cada mês de maio, a cidade da Riviera Francesa torna-se palco de uma luxuosa festa, sustentada tanto pela guerra comercial entre os produtores, quanto pelos escândalos e manifestações mundanas das grandes estrelas. O começo foi marcado por percalços. Apenas dois anos após a sua inauguração, o festival era cancelado por falta de verba. Em 1950, o problema se repetiu. E até 1955 não havia um troféu para os vencedores: a Palma de Ouro só seria entregue a partir de 1955. As controvérsias marcaram os anos dourados da Croisette (a avenida principal do balneário). Em 1959, a comissão de seleção recusou um filme que provocou um verdadeiro terremoto ao passar nos cinemas de todo o mundo: "Hiroshima, Mon Amour", de Alain Resnais, redimiu-se ganhando o prêmio da crítica. Naquele mesmo ano, françois Truffaut ganhou o prêmio de direção por "Os Incompreendidos". "La Dolce Vita", de Fellini, só ganhou o prêmio de 1960 graças à luta do presidente do júri, o escritor Georges Simenon, para obter a unanimidade de seus colegas. Em 1961, o jornal Osservatore Romano, do Vaticano, condenou os anticlericais Viridiana e Madre Joana dos Anjos, os principais premiados no festival, e o ministro da Cultura francês na época, André Malraux, eliminou da competição O Ano Passado em Marienbad, por considerar a obra-prima de Alain Resnais "destinada a um público restrito". Mas o divisor de águas foi o histórico Maio de 1968. A França era o palco principal de boicotes e manifestações que se alastraram por todo o mundo, inclusive pelo Brasil, exigindo uma nova ordem e o fim dos velhos esquemas de poder. Um grupo de cineastas, entre os quais Resnais, Jean-Luc Godard, Claude Lelouch, Louis Malle, Roman Polanski e François Truffaut invadiu a sala de projeção, pendurou-se nas cortinas e, proclamando a "destruição das estruturas do festival", propôs o envio de todos os filmes a Paris para serem exibidos gratuitamente. Em seguida, as salas de Cannes foram ocupadas por trabalhadores da indústria cinematográfica. O festival foi interrompido e não houve premiação. Hoje, o tempo das polêmicas entre os críticos, dos topless das starlets e dos filmes vetados por motivos morais ou políticos foi deixado para trás. Ficou, porém, o status de mostra de cinema mais importante do mundo, um título que retirou do Festival de Veneza - mais antigo, porém esvaziado desde que se extinguiram suas premiações no final dos anos 60. A mostra foi ganhando independência e importância, sempre tentando descobrir e promover a produção de países dos quatro cantos do mundo, especialmente depois que Gilles Jacob assumiu a organização do evento, em 1978. Entre as revelações do festival figuram o filme "O Império dos Sentidos", de Nagisa Oshima, escândalo mundial em 76, o cineasta indiano Satyajit Ray, o iugoslavo Emir Kusturica, o alemão Volker Schlondorf, chineses como Chen Kaige e a australiana Jane Campion, premiada por seu curta Peel, em 1986, bem antes do sucesso de "O Piano". Cannes também consagrou Robert Bresson, em diversas premiações, Bergman ("Sorrisos de uma Noite de Amor", "A Fonte da Donzela"), Antonioni ("A Aventura", "Blow Up"), Tarkovski ("Andrei Rublev", "Solaris", "Nostalgia"), Scorsese ("Taxi Driver") e bancou a premiações que desagradaram ao público, como "Sob o sol de Satã", em 1987 (seu diretor, Maurice Pialat, subiu ao palco sob uma chuva de vaias). Uma coragem que valeu ao festival prestígio e a admiração de todo o mundo. (Fonte: cineparadiso.com.br)

sábado, 26 de maio de 2007

Polícia Federal ironiza Lula com nome de operação: "Navalha" - Cortou na própria carne.


Jacques Wagner também não sabia! É doença isso?


Jaques Wagner Não Sabia....


Jaques Wagner "esqueceu" que lancha era de dono da Gautama O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), sabia, mas não se lembrava, que a lancha em que passeou em Salvador com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, era do dono da empreiteira Gautama, Zuleido Soares Veras, preso desde o dia 17 sob acusação de chefiar uma quadrilha corruptora de políticos e funcionários públicos.Em entrevista, Wagner contou ter sido avisado, durante o passeio em 26 de novembro, que a embarcação "Clara" era de Zuleido. Disse que reclamou com o publicitário Guilherme Sodré Martins, seu melhor amigo e quem arrumara a lancha.A questão é que Wagner relata não se lembrar muito das quatro horas de navegação. "Domingo de sol, você passeando de lancha, uma cervejinha..."Continuação: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u92844.shtmlNão sei de nada, aí podemos ver o quanto Jaques Wagner trabalha para o povo da Bahia, um domingo de sol, uma cervejinha e assim vai, me lembra uma governadora...
Seria o caso de Jaques interromper o passeio e não prolongar por quatro horas. Primeiro tentaram enganar o povo que a lancha tinha sido alugada. A imprensa provou que não. Um empresário que tira milhões dos cofres públicos não precisaria está alugando uma lancha particular. O certo é que o motor da lancha está fumaçando. Será que houve fogo? Pois o velho ditado voltou à tona: “Onde há fumaça, há fogo”.

Dinheiro aparece na cueca do cara e ele diz que não sabia, nem viu, nem sentiu...Para o outro, um carro de R$ 100 mil aparece na garagem dele, com documentos em nome dele, e ele nem sabe como o carro foi parar lá... Mas ele pega o carro e sai por ai...Já o outro vai ao banco BMG receber milhares de reais, na boca do caixa, e nem sabe o por quê, de onde veio, por que está recebendo aquilo...O outro acompanha o pagamento de milhares de reais a deputados para aprovarem projetos de lei do governo, mas não sabe a quem, nem por que seu principal assessor está fazendo esses pagamentos milionários no gabinete ao lado do seu...Passeios de lanchas então... São convidados, mas não sabem por que nem por quem, mas como são ministros e não precisam de segurança, nem mandam checar quem convidou, quem irá ao passeio... Outro recebe propina de empresas de lixo, milhares de reais... Mas não sabe por que estão lhe pagando! Deve ser dinheiro encontrado no lixo...Ah, daí vem o outro e lança um programa de desenvolvimento, com obras arquimilionárias... Pontes, aeroportos, estradas, tudo que tem direito... E sem que se saiba por que, todas as obras são contratadas à uma mesma empreiteira... Mas ninguém sabe como, por quê... Daí a Polícia acompanha tudo, grava tudo, fotografa tudo, prende todos... Mas de repente um único juiz decide soltar todo mundo... Ninguém sabe como, ou quem pagou para isso...

A secretária de Zuleido é filmada entrando pela porta dos fundos do Ministério, o telefonema dela é gravado onde o lobista a orienta, ela é filmada no corredor da sala do Ministro com o pacote de dinheiro na mão, o Ministro é filmado levando-a à porta e já com o dinheiro na mão. Depois tem a coragem de dizer que tudo foi um mal entendido, que não houve nada disso.
Todo mundo sabe que essa ação da Polícia Federal é secreta, não é feita pelos chefes da Polícia Federal, porque eles são cargos de confiança, vazariam as informações. Quem comanda são os ex-cargos de confiança do Governo FHC. E Lula e Tarso Genro cinicamente vão a TV falar que têm que “cortar na carne”. Isso para confundirem a população. Para o povo achar que são eles que estão fazendo a limpeza da corrupção no próprio governo. O que o governo faz é saltar todos e condenar a ação. Quando a PF solta nota falando que agiu conforme a Lei. De repente, os jornais reeditam as matérias e somem as falas deles dois dos possíveis abusos da PF. Mesmo porque mostrou as contradições deles. O próprio batismo à ação foi uma maneira da PF ironizar o Governo Lula, porque sabem que navalha quando corta, corta a própria carne. Esse é o País de um povo enganado? Agora não.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Paraty promove Teatro de Rua


A Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Paraty, está lançando o edital com regulamento de participação e ficha de inscrições para a VI Mostra Rio São Paulo de Teatro de Rua que acontecerá na cidade, no período de 01 a 03 de junho de 2007, no site http://www.mostrateatroparaty.com.br/ Esta mostra, em sua sexta edição, objetiva promover o encontro de grupos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo que pesquisam e trabalham com a linguagem de teatro de rua, visando a preservação, o resgate e o incentivo desta manifestação cultural nas ruas de Paraty. Com este projeto, "cremos que além de estarmos contribuindo para o enriquecimento artístico e cultural da cidade através do incentivo a formação de platéias para a arte teatral, a criação e atualização de grupos de teatro e propiciando um aumento do fluxo de turismo num período de baixa sazonalidade, estaremos também viabilizando um momento de encontro e discussão a respeito da importância e possibilidades deste fazer teatral nas ruas de nosso país", diz Ailton Amaral.

Preço único deve atrair um bom público ao TMCJ esse final de semana.




Uma das coisas que deixa os pais mais indignados é quando uma programação infantil cobra um preço para as crianças e o dobro ou triplo para os pais. A Companhia Operakata de Teatro mostrou coerência nessa questão e estabeleceu preço único. Assim os pais não vão se sentir explorados. Vão ficar satisfeitos com o respeito que a Cia teve em relação a eles. Já os baixinhos vão se sentir todos todos por pagarem o mesmo valor que os pais. Vão se sentir os tais, os adultos. Sem contar que a temática empolga a garotada. Tema muito bem escolhido pela direção.



A Companhia Operakata de Teatro, idealizada pelo diretor e escritor Gilsérgio Botelho, se aventura pelo mundo lúdico da infância e apresenta “A Incrível Estória do Menino que Ficou Preso no Computador.com.br”. O espetáculo aborda, com humor, o uso compulsivo do computador pelas crianças, suas conseqüências e a dificuldade dos pais em lidar com a situação. Segundo pesquisas, o número de computadores no Brasil já ultrapassou a marca de oito milhões e crianças e adolescentes se tornam os principais usuários. O espetáculo tenta mostrar até onde isso pode ser benefício ou não e propõe uma reflexão sobre a cultura moderna e as mudanças de comportamento. A história é sobre Tavinho, que passa a ser hipnotizado pelo computador e sua mãe, com a ajuda dos brinquedos do garoto, faz uma viagem ao mundo virtual para salvar o filho. O texto, cenário e direção são de Gilsérgio Botelho. Figurino de Kécia Prado. Ela também faz parte do elenco que tem ainda Thiago Carvalho, Júnior Cruz, Iam Felipe, Cristiano Martins e Shirley Ferreira. O espetáculo estará em cartaz nos dias 26 e 27 de maio, no Teatro Municipal Carlos Jeovah, a partir das 18h:00. Os ingressos serão vendidos no local por apenas R$ 5,00.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O Mundo virtual no palco do TMCJ


(Foto: Thiago Carvalho) A Companhia Operakata de Teatro, idealizada pelo diretor e escritor Gilsérgio Botelho surgiu no cenário Conquistense em 2002, no Projeto: "Assim sim Improvisa", na ocasião apresentou fragmentos do espetáculo “174”, peça que aborda a banalização da violência e o efeito desta no homem contemporâneo.
Em 2003, após um longo processo de pesquisa, estréia o espetáculo “Sonata dos Loucos", no antigo Museu Padre Palmeira. O espetáculo de grande repercussão se destaca por ser uma ousada experimentação do espaço cenográfico. Através de um tema polêmico, propõe uma abordagem instigante da loucura e da solidão. Após a temporada, a cia. é convidada para participar do Projeto Janelas para Cultura, promovida pela TV Sudoeste com apresentações na cidade de Jequié. Em 2004, iniciou o processo de pesquisa do espetáculo "Menino Glaube" , que presta uma homenagem ao cineasta Glauber Rocha, nascido em Vitória da Conquista e um dos grandes artistas do século XX.
Agora, em 2007, a Cia. decide pela primeira vez se aventurar no mundo infantil montando o espetáculo "www. A Incrível Estória do Menino que Ficou Preso no Computador.com.br". Este espetáculo aborda com muito humor o uso abusivo do computador pela criança, suas conseqüências e a falta de informação dos pais diante dessa questão.



O Espetáculo


Tavinho é um garoto extrovertido e muito esperto, mas que de repente acaba ficando totalmente preso e hipnotizado pelo o seu computador. Dona Nonoca, uma mãe muito divertida e corajosa tenta chamar a atenção do seu filho de todas e mais variadas formas. Com a ajuda de um dos brinquedos do menino, o Soldadinho de Chumbo, Dona Nonoca faz uma incrível viagem ao mundo virtual para salvar o seu filho. Juntos eles se deparam com vários personagens do mundo virtual onde há encontros e desencontros e várias situações engraçadas.

O Movimento Cênico do Ator estréia espetáculo


(Foto: Kécia Prado e Júnior Cruz) O Movimento Cênico do Ator apresenta, nos dias 26 e 27 de maio, sábado e domingo, respectivamente, no Teatro Municipal Carlos Jehovah, TMCJ, a partir das 18h:00, a comédia:
"http://www.a/ INCRÍVEL ESTÓRIA O MENINO QUE FICOU PRESO NO COMPUTADOR.COM.BR". Ingressos a preço único: R$ 5,00. O Elenco é formado por: Thiago Carvalho, Kercia Prado, Shirley Ferreira, Iam Felipe, Junior Cruz e Cristiano Martins. O espetáculo tem duração de uma hora e o telefone da produção para contatos é (77) 3082-4618, para quem se interessar em levar a peça para a sua cidade. Assistençia de direção: Thiago Carvalho e Kécia prado. Operdaor de Som e Iluminação: Felipe Martins. Além da autoria, Gilsergio Botelho assina a direção.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Patos, MG, promove II Festival de Teatro Universitário


O Festival acontecerá nos dias 7, 8 e 9 de setembro de 2007 em diversos locais da cidade. Participam Grupos teatrais renomados e de grande expressão no cenário nacional. Oficinas, espetáculos teatrais e palestras serão gratuitos. Fique atento e ajude-nos na divulgação deste importante evento para a comunidade acadêmica. Colabore com 1Kg de alimento não perecível que será recolhido antes das apresentações teatrais. II FESTIVAL UNIVERSITÁRIO DE TEATRO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS REGULAMENTO MOSTRA COMPETITIVA O Festival Universitário de Teatro do Centro Universitário é aberto à participação de grupos teatrais universitários de todo o Brasil que serão selecionados por uma comissão indicada pela organização do Festival. Todas as apresentações e oficinas são gratuitas abertas à toda comunidade patense e em especial, aos estudantes de nível médio e fundamental. Art.1º - Somente poderão concorrer à premiação do II Festival Universitário de Teatro do Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM, os grupos brasileiros de teatro de escolas filiadas a Instituições de Ensino de Nível superior; Art.2º - Os grupos deverão ser devidamente reconhecidos e credenciados pela direção da Universidade, especificamente para participação no II Festival Universitário de Teatro do Centro Universitário de Patos de Minas, com comprovação de que o espetáculo é fruto do trabalho de alunos ou ex-alunos da Universidade. (Projeto de extensão ou disciplina da área de Teatro- ambos orientados por um professor ou profissional da área); Art.3º - As peças inscritas poderão ser inéditas, publicadas ou já apresentadas em outros festivais; Art.4º - As peças inscritas, concorrentes à premiação, serão classificadas conforme as categorias: drama – comédia – infantil. Art.5º - As inscrições poderão ser feitas até o dia 29 de junho de 2007, impreterivelmente, valendo inclusive o carimbo postal até esta data como comprovante de inscrição; Art.6º - O envio do material para inscrição deverá ser feito via sedex, pois a Coordenação não se responsabiliza por perdas e danos; Art.7º - Cada grupo poderá se inscrever, no máximo com duas peças. Art.8º - Ficam a cargo da Comissão do Festival os critérios de seleção das peças que farão parte do I Festival Universitário de Teatro do Centro Universitário de Patos de Minas Art.9º - A divulgação dos espetáculos selecionados será feita a partir de 29 de agosto de 2007; Art.10º - Participarão da Comissão de Seleção e do Júri de Premiação, profissionais da área de Artes Cênicas, convidados pela Coordenação do Festival; Art.11º- O júri terá autonomia para julgar o não cumprimento das normas do regulamento; Art.12º - A premiação seguirá o critério do Júri, cuja decisão é irrevogável; Art.13º - O Festival apresentará todos os seus espetáculos rigorosamente nos horários e locais anunciados, salvo problemas publicamente conhecidos, e como tal aceitos pela Organização; Art.14º - As portas dos auditórios serão abertas pela Organização do Festival 15 minutos antes do horário previsto para o início do espetáculo; Art.15º - O não cumprimento dos artigos 13 e 14 do regulamento poderá resultar, para os grupos, em desclassificação do espetáculo; Art.16º - Da premiação - Os espetáculos concorrerão a um prêmio de R$2000,00 para a melhor montagem dramática; R$ 2000,00 para melhor comédia e R$ 1000,00 para melhor espetáculo infantil. Melhor Ator; Melhor Atriz; Melhor Ator Coadjuvante e Melhor atriz Coadjuvante; Ator revelação; serão homenageados com placas. Art.17º -Os diretores das peças inscritas na mostra competitiva, terão como missão dirigir as Análises dos Espetáculos, que se realizarão após a apresentação do espetáculo, devendo comparecer também o grupo de atores; Art.18º - O grupo selecionado que vier a cancelar a sua participação no Festival, será automaticamente impedido de concorrer às suas duas edições subseqüentes; Art.19º- Juntamente com a ficha de inscrição os grupos deverão enviar: A)- Release do espetáculo inscrito; b. recortes de jornal sobre o grupo e suas montagens; c. 02 (duas) fotografias nítidas do espetáculo inscrito para divulgação. do currículo do diretor; f. relação contendo os nomes dos participantes, sexo, número da carteira de identidade, autorização dos pais em caso de menor de idade. Os dados deverão ser corretos, para preenchimento do certificado (não usar nome artístico); g. cópia do texto a ser apresentado, acompanhada de liberação da SBAT ou de autorização do autor para a montagem; liberação do ECAD caso usem músicas no espetáculo. h. reconhecimento da Direção da Universidade, conforme artigo 2º deste Regulamento. Art.19º - O não envio dos anexos acima relacionados poderá incorrer na não aceitação da inscrição do grupo; Art.20º - Cada grupo selecionado poderá participar com diretor, dois técnicos e elenco, desde que não ultrapasse o total de 15 integrantes; se houver excedente(s), a(s) despesa(s) dele(s) correrá(ão) por conta do grupo que deverá pagar 15,00 por pessoa excedente. (Estas excedentes terão direito ao alojamento, alimentação e credencial para assistir a todos os espetáculos. Art.21º - Caberá à Organização do Festival o fornecimento de alojamento com café da manhã para todos os grupos participantes, com exceção dos grupos sediados em Patos de Minas; Art.22º - A Comissão Organizadora não se responsabiliza por despesas de hospedagem e alimentação antes do início ou após o término do Festival; Art.23º - Caberá ao grupo selecionado providenciar o seu transporte e do seu cenário até o local do evento. Art.24º - Os grupos classificados deverão apresentar-se à Comissão Organizadora no mínimo 12 horas antes da apresentação de seu espetáculo; Art.25º - Caberá ao grupo participante o material cênico e técnico necessário ao seu espetáculo, com exceção da estrutura técnica de base (iluminação, sonorização e projeção), a qual será fornecida pela Organização do Festival; Art.26º - É de responsabilidade da Comissão Organizadora do Festival, sem ônus para os grupos concorrentes, o local das apresentações, equipado com sistema elétrico, refletores e som.(Cada grupo deverá enviar o seu mapa de iluminação) Art.27º - Da bilheteria: o ingresso será cobrado na forma de um quilo de alimento não perecível que será doado a entidades carentes. Art.28º - Os casos omissos neste Regulamento serão decididos pela Coordenação do II Festival de Teatro Universitário. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 1. Palco do Teatro Municipal- boca de cena com 10m de largura x 9m de altura; proscênio com 13,5m de largura x 4m de profundidade; urdimento com 17m de largura x 19m de profundidade x 19m de altura. Área de 140m para armazenamento de cenários e/ou serviços de carpintaria na parte final do palco. Platéia de 230 lugares. 2. Palco da Usina Cultural Vicente Nepomuceno - boca de cena com 10m de largura x 4,6m de altura; proscênio com 9,40m de largura x 1,03m de profundidade; urdimento com 9,40m de largura x 4,40m de profundidade x 1m de altura. Platéia com aproximadamente 200 lugares. 3. Palco do Colégio Marista- boca de cena com 10,5 de largura x 2,45m de altura; proscênio com 2,8m de largura; urdimento com 4m de largura. Platéia com aproximadamente 300 lugares. 5. Palco na praça montado pela prefeitura. Todos os participantes do Festival receberão certificados de participação. Contatos: NAC – (Núcleo de Arte e Cultura )- (34) 38230353 Consuelo Nepomuceno (34) 8814-6116 Consuelo@unipam.edu.br nac@unipam.edu.br

terça-feira, 22 de maio de 2007

Patrícia Chaves prestigiou o Mendigo


"Huuuuuuuuuuuuuuuuuhuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!FANTÁSTICO!!! MAGNÍFICO!!! ESTUPENDO!!! Perdoe a expressão...mas você é um puta de um ator!!! Quando eu crescer quero ser como você!!! kkkkkkkkkkA Célia Santos tbm é otima...muito carismática. Aguardo o inicio do curso. Um abraço!"


- Patrícia Chaves se refere a interpretação de Avanilton Carneiro no papel do Mendigo, na peça: "O Mendigo ou o cão morto", de Bertolt Brecht, apresentada no último dia 17 de maio, às 18h:30min, no Teatro Glauber Rocha, UESB, marcando a abertura do "Curso Livre de Teatro - Módulo I", da UESB, numa parceiria com o Grupo Avante Época-Teatro. Além de Avanilton Carneiro e Célia Santos, completaram o elenco: Victor Lourenço (Homem), Galego Lisboa (Soldado I) e Robson Ferraz (Soldado II). Avanilton ganhou o prêmio de Melhor Ator, no III Festival Nordestino de Teatro, em Feira de Santana, e Our Concur de Melhor ator, no II Festival de Teatro da Bahia, em Salvador.


- Patrícia Chaves, atriz, paulista, radicada em Vitória da Conquista. Fez os cursos de teatro:

1 – Retiro dos Artistas, RJ
2 – Clube Baiano de Tênis, Salvador, BA

3 – Escola Cássio Montalvão, Itapetinga, BA

Suas experiências em teatro são:

1 – Jogo de Sedução
2 – Auto da Compadecida
3 – Conflitos Amorosos
4 – A Comédia da Vida Privada
5 – Oficina dos Loucos


Sobre a peça "JULIETA JULIETA", de Avanilton Carneiro, ela fez o seguinte comentário: "A princípio parece chocar, pois fala sobre uma realidade supostamente invisível aos olhos de todos. Mas, no decorrer da história, percebe-se que trata de uma realidade que está presente na sociedade. Mostra situações e conflitos que ultrapassam sexualidade, classe social e qualquer tipo de rótulo".


Patrícia Chaves cometou também a peça: "O Porão", de Avanilton Carneiro: "Fala sobre uma mulher capaz de tudo para alcançar os seus objetivos amorosos. O que a diferencia é a motivação. Ela não quer um homem qualquer, mas sim aquele que em sua infância a seduziu. Acreditando num amor e nutrindo essa esperança, ela vive para experimentar esse amor e a forma que ela encontra é o cativeiro do amado. Num misto de loucura e desejo, a história nos traz uma personagem forte, que parece não estabelecer ligação com a realidade, mas que, com certeza, vai causar identificação do público".


Não podia deixar de comentar a peça: "Parados no Trampolim", de Avanilton Carneiro: "Ë uma peça direcionada ao amor impossível. História que ao longo dos tempos vem prendendo a atenção do público. O grau de identificação tende a ser enorme, com uma rápida compreensão e com alta capacidade de fazer o público esperar pelo desfecho feliz e por ele torcer".


No teatro, Patrícia Chaves gostaria de fazer personagens mais ricos porque acredita ela chamar mais a atenção do público. Mas acha que nenhum personagem é dispensável, todos têm seu valor desde que ela esteja preparada para fazê-lo. Ela faria qualquer cena que somasse o prazer de estar no palco mais uma boa mensagem. Se recusa a fazer qualquer cena que desrespeitasse a ela como pessoa e ao público.


Patrícia Chaves participa do "Curso Livre de Teatro - Módulo I", da UESB.

"O Porão" - Avanilton Carneiro



Às vezes, um texto tende a ter o mesmo destino do seu personagem principal: esquecido num porão ou deixado de propósito numa gaveta para um dia ser o ator, juntamente com sua esposa: responsáveis pela estréia da peça. A gente pensa uma coisa, o destino nos oferece outra. Quantas vezes o autor tentou montar esse espetáculo? Quantas leituras iniciadas? - Incontáveis. Nunca deu certo. Devido o estado de saúde abalado, definitivamente, o autor desistiu de atuar, viver Pã, contracenar com a sua esposa, a atriz Célia Santos, no papel de Erínea, nesse que poderão não considerá-lo como o seu melhor texto teatral, mas é o que o autor mais estima, mais gosta, mais leu, mais desejou montá-lo e se esbarrou na luta pela sobrevivência, na falta de apoio financeiro para impor a sua dramaturgia. Resolveu disponibilizá-lo na Internet e torcer que algum outro colega o descubra e alcance o sucesso que ele sempre quis vivendo essa situação agonizante do personagem central. O texto é forte, quem o ler não consegue tirá-lo da mente, quem assistir à peça não vai conseguir esquecê-la. De repente, logo de início, percebe-se que o personagem está perdido: acorrentado, preso num porão, sem saber qual o seu destino, o porquê de estar ali. Pensa ter sido confundido com algum artista famoso, empresário rico ou político. E vêm à mente duas questões: ser solto ao perceberem o engano ou, irados pelo erro, acabarem com a sua vida como forma de autopunição ou de puni-lo por ser a pessoa errada. Nesse conflito se desespera e pede socorro, mas a platéia não pode acudi-lo, passiva, alheia a sua tormenta, fica curiosa em saber o porquê também. E uma mascarada chega, desce os degraus do porão e só pelo fato de portar uma máscara levanta desconfianças. Ele ainda não sabia o nome dela: Erínea, uma deusa que perseguia os criminosos na mitologia grega. O autor lhe reserva esse arrepio inicial, porque o seu nome: Pã, significava crime, perseguição as ninfas. Como duas pessoas de nomes tão correlatos poderiam se deparar num porão? Como o destino permite que dois nomes desses se cruzem no decorrer de suas existências? Nem a própria ficção será capaz de explicar, pelo contrário, vai deixar as mentes aguçadas em justificar, oferecer caminhos para as divergências, jamais apresentar o porquê de, no meio de bilhões de habitantes no mundo, esses dois nomes tão significativos deixarem marcas tão profundas nos seus respectivos donos em momentos diferentes da vida de cada um. “O Porão”, de Avanilton Carneiro, torna-se uma peça importante porque inverte a situação rotineira da violência no país. É comum e as estatísticas comprovam o alto índice de violência contra a mulher, mas a peça mostra o contrário, o autor busca inspiração na minoria: a violência da mulher contra o homem. É rotina as manchetes estamparem abusos e violências sexuais contra as mulheres, mas raríssimas vezes se vêem o contrário. E quando acontece, a mulher que se propõe a fazer executa com perfeição. Todo homem sabe disso. Por isso, o personagem central percebe o perigo que ele começa a correr. Melhor seria se fossem marginal de carreira, porque lhe restaria uma esperança de sair com vida. Mas nas mãos de uma psicopata sexual era incerto o seu presente mais ainda o seu futuro. A agressão física já havia sido cometida quando ele é neutralizado com gás paralisante e inala uma droga que o desacorda. Essa ação se passa quando ele praticava sua corrida. Ela se aproxima, o domina e ele nem tomou conhecimento de como foi, não viu, não sentiu, não percebeu. Sabe apenas que se encontra prisioneiro dela e ele não veio com as próprias pernas. Por quê? Não só ele, mas o público vai questionar quando a personagem subir os degraus, desligar as luzes e fechar a porta do porão encerrando-se o primeiro quadro, porque além de não ter dinheiro, possuía débitos, deixa que o autor use para criticar o sistema empresarial do país em punir os trabalhadores inadimplentes. Questionamentos ficarão. Todos perceberão o quanto ela foi eficiente na captura da sua vítima. E ele descobre que não foi confundido com ninguém. Era ele mesmo o alvo. O que ninguém esperava era ter a confissão de que ela não pretendia matá-lo, mas conquistá-lo, fazer com que ele esquecesse a mulher e filhos e a amasse, a fizesse feliz. Boquiaberto, pois não se trata de um tipo galã, apenas um homem comum, porém nota que o perigo é bem maior do que aquele corpo lindo e atraente podia demonstrar. Ele, ao vê-la, não transparece o desejo que todo homem tem ao ver um corpo tentador, procura passar a impossibilidade de um dia vir a amá-la porque seu coração já tinha dona: era de outra mulher. Ela não se incomoda, sabe que dentro de poucos dias ele vai morrer de desejo sexual, capaz de tudo para satisfazer o seu apetite, saciar a sua fome. Louco de desejo, ela sabe que terá um homem frágil pela frente e vulnerável aos sentimentos. Se ele esquece a mulher e vem a amá-la só o tempo poderá responder. E em busca dessa resposta, o público se comportará pacientemente, pois sabe da incógnita que o autor ofereceu para ser decifrada. Mesmo sendo homem, vai suportar ficar preso para poder amar alguém? E o pior: esquecer uma mulher? Erínea se sentiria bem com a situação: ser capaz de conquistar um homem tão somente pela força? Era apenas conquistá-lo, ter o seu amor ou algo mais ainda estava oculto? A peça acabava de começar. A primeira queda de luz somente encerava o primeiro quadro: as primeiras dúvidas, os questionamentos iniciais. O segundo quadro é marcado pela tortura sexual e psicológica. Sabe-se que já há algum tempo em que ele está prisioneiro. A imprensa já divulga o seu desaparecimento. A polícia o procura, fato que só acontece ao passar quarenta e oito horas do desaparecimento de uma pessoa. Ele sofre e sabe que seus familiares sofrem também. Preocupa-se com o bem estar dos filhos e sente que está sendo vítima de algum tipo de vingança, mas não consegue se lembrar. Erínea responde a curiosidade do público: “Quer uma dica, seu leviano, miserável? Eu não era a única mulher da sua vida. Você saía do meu regaço e ia se envolver entre outras pernas”. O que para Pã não passava de um prazer sexual, uma orgia, para ela foi uma experiência única: “O que pra você não passava de uma sacanagem, para mim, era uma pureza de amor, esperança da eterna felicidade”. Mesmo nesse sexo leviano, ela foi capaz de amá-lo e resumir sua vida num único desejo: um dia reconquistá-lo. Como entender a mente humana? O próprio ser humano? Poucos dias não significam que um homem possa se sentir dominado pelo desejo sexual. Ela sabia disso, mas tinha ciência que nunca é cedo para começar uma tortura, para aguçar o instinto sexual de um homem. Na primeira tentativa, ela falha. Ele tenta agredi-la, mas preparada para se não desse certo, ela o rende com uma arma e usa o seu segundo plano: o psicológico. Começa o jogo onde o objetivo é deixá-lo preocupado, tentar adivinhar que mal ele cometera, fazer um profundo exame de consciência e buscar no seu passado o deslize que a levou a loucura, a resumir sua existência numa vingança. Foram tantas orgias, tantas mulheres, tantas camas com mais de uma mulher, uma juventude sexualmente ativa. Jamais iria imaginar que um dia pagaria pelos prazeres de outrora. Ele sabe que sua adversária é fria. Preparou-se para o combate, adquiriu vantagens, dona da situação. Mas sabe também que a obsessão é por causa do amor que sente por ele. Ela ama e uma mulher quando ama torna-se vulnerável, frágil, capaz de ceder. Ele também analisou que é no amor que a mulher se concretiza numa fortaleza, capaz de tudo. Ela poderia ser do tipo: ou é dela ou de ninguém. Por isso, ele sabe o risco que corre. Chegar ao ponto fraco dela não seria impossível, mas a sua situação era limitada, carente de recursos, preso as correntes, sem condições de agir, dominá-la. A realidade era que ele era o dominado fisicamente, preocupado mentalmente e oprimido psicologicamente. Principalmente, quando ela fecha a cena dizendo-lhe que estava em contato com a família dele. Que jogo psicológico ela estaria fazendo em seu lar? Não teve chances de saber. Ela desliga as luzes, fecha a porta e o deixa torturado moralmente, fisicamente, sexualmente e psicologicamente.O terceiro quadro, ela começa com um novo tipo de jogo psicológico. Faz entender que a família não sente mais a falta dele. Mostra o quanto ele é insignificante para os filhos, que estes nem se lembram mais do pai devido à longa ausência do seio da família envolvido com o trabalho. A mulher nem chora mais a sua falta. Perdeu a função de chefe para um colega e com o salário sem o acréscimo da pasta que ocupava, em apenas dois meses, a mulher tira o nome dele dos órgãos de proteção empresarial. Por que ele não conseguiu com o salário melhor? Fica essa dúvida na mente do público.

"O Porão" II



(Foto: "Curso de Iniciação ao Teatro", no Centro de Cultura, pelo Grupo Avante Época-Teatro, coordenada por Avanilton Carneiro, orientado por Célia Santos. Um dos objetivos é escolher o elenco para a peça: "O Porão". - Roberta Kelly, Avanilton Santos (Costas), Mateus Novais, Poliana Santos e Robson Ferraz)
A pressão psicológica se ascende quando ela relata que está tendo um relacionamento homossexual com a mulher dele e que ambas estão gostando e se descobrindo, mas acentua-se mais quando ela informa da traição que sua esposa cometera com um garoto da rua em que eles moram. E de maneira perversa ela detalha a ação, falando das posições, sentimentos da mulher e ferindo-lhe o orgulho chamando-o de corno. Ele se irrita, perde o controle, a expulsa do porão. Ela finge que cedeu. Sobe os degraus e chega ao cúmulo da tortura ao relatar o relacionamento sexual que teve, num mesmo dia, com o filho dele de apenas quatro anos e a filha de sete. Mostra que a menina, mesmo tão nova, já havia tido outras experiências com a empregada doméstica. Ele vai ao extremo da perturbação psicológica. Viu que a sua família foi moralmente ferida. Ela não só o torturava como interferia no fator psicológico dos seus filhos para o resto da vida. Vem à torna a pedofilia tão debatida e evolutiva nesses dias, ou seja: divulgada as barbarias que vinha acontecendo, mas não ganhavam as manchetes. O que seria daquelas crianças nas mãos de um mente perversa como o daquela mulher? Quem era ela? Não conseguia lembrar. Como ela não conseguia decifrar o segredo que o dinheiro dele não sobrava para pagar os débitos corriqueiros da família. Ele se irritou. Será o que ela estava tentando alcançar. Fazer a pressão psicológica relatando que a mulher o traía era viável, porque podia fazê-lo odiá-la. Mas narrar o abuso sexual contra os seus filhos. Ele poderia detestá-la por isso. Ela jamais poderia conquistar o seu principal objetivo: o amor dele. Ou simplesmente era uma maneira para se excitarem, apagarem as luzes e se satisfazerem? Será que ela descobriu que ele precisava ouvir casos como os abusos contra seus filhos para não reagir ao sexo que de início ele se recusava? Aceitá-la passivamente? Será que ambos se mereciam?
A peça chega ao clímax da tensão no quarto quadro, onde os segredos caem por terra. Quando Erínea descobre que mesmo o mantendo acorrentado numa cama, num porão, tendo-a apenas como mulher, ele jamais a amaria, porque mesmo naquela condição de total dominado ele a enganou, a traía, protegia quem ele realmente amava: a amante. Ela se sente arrasada e decreta a sentença de morte dele revelando-lhe quem era. Ele se espanta e percebe o porquê ela havia contando os abusos sexuais contra os seus filhos. Ele não era inocente para saber que não ficou em apenas um dia, mas devia ser uma rotina ao longo dos anos de convívio sob o mesmo teto. Provavelmente, o relacionamento entre ela e a sua mulher começara quando ele deixava sua esposa sem sexo por mais de vinte dias. Agora, de dia, ela se envolvia com as crianças e a mulher; de noite, era a vez dele. Uma doente sexual. Só que ferida, decepcionada e derrotada. Todos os seus argumentos foram em vão. Ela os descartou. Havia revelado sua identidade. Era do convívio dele. Não confiava que ele iria embora com a amante e a deixava impune. Tinha a prática da pedofilia. Ela podia adivinhar que ele não era tão monstro para saber que seus filhos estavam sendo molestados, usados sexualmente e partiria com uma amante deixando-a impune e seus filhos a mercê da sorte. A própria mulher dele só aceitava a convivência a duas porque não sabia de nada. Nunca desconfiou. Também era enganada. Ele sabia que lhe restava pouco tempo de vida, mas não podia se entregar. Apareceu como última chance o fato dela não querer matá-lo sob a força da emoção, mas se acalmar e agir friamente para poder destruí-lo com consciência como fizera com os padrastos. Confessando essas mortes, ela anuncia de que não era uma amadora. Já tinha experiência em ceifar vidas. Ela sai e deixa as luzes ligadas para que ele olhasse tudo ao seu redor pela última vez. Era um anúncio de que quando voltasse seria para liquidá-lo. Seria a última esperança para ele que pensa não ser possível torna-se vítima de uma psicopata só por tê-la provocando ao tentar conquistá-la para a cama. Será que a tentativa de uma simples orgia havia despertado um monstro que ele estava conhecendo a sua fúria?
Erínea chega fria e calma para dar o desfecho. Ele percebe que ela havia tomado a decisão fatal. Ao longo do mês cuidou dele, o barbeou, levava ao banheiro, trocava-lhe as roupas. Dava todo o cuidado que um prisioneiro podia ter. Só não falava mais com ele. Também não respondia aos inúmeros questionamentos. Não mais o procurava sexualmente. Aceitou a derrota. Sabia que era impossível fazer alguém amar alguém pela força. No fundo, ela acabava de descobrir que tudo não passou de uma obsessão. Estava louca, cometera loucuras perversas por causa de um homem a ponto de matar duas criancinhas inocentes e indefesas só para se vingar. Será que o fato dela descobrir que ele não amava a sua mulher, que casara só por causa de um emprego dado pelo tio dela e que seu verdadeiro amor era a secretária a fez cometer tamanha perversidade contra os filhos de Pã? Será que quando cometeu os crimes veio à tona que tudo não passava de uma loucura e que não tinha mais o caminho de volta? Eis que ela, antes de confessar a morte dos filhos, revela quem realmente era ela. Boquiaberto com a surpresa, o homem toma ciência de que só um milagre o salvaria. Ele nem se lembrava mais. Jamais iria imaginar que um dia podia ser vítima de uma ex-vítima sua. Um ato de pedofilia na sua juventude deixou marcas na mente de uma criança que, realmente, antes de matá-lo ela só queria amá-lo, retomar a paixão de infância, pois ela se envolveu sentimentalmente sem saber que era usada por um aproveitador de crianças. Ela não sabia que era vítima, pensava que fosse o motivo, que ele só mantinha um relacionamento com a sua mãe para poder ter acesso a sua casa e lhe ter nos braços. Era isso que a sua mente achava. Ele só sumiu no mundo com medo do seu pai o matar. Seu pai o procurava não por causa do verdadeiro relacionamento entre os dois, mas por descobrir às falsas promessas que fazia a sua mãe. Por isso ela resumiu a sua vida em procurá-lo. Durante toda a sua existência, pensou que aquelas eram as juras verdadeiras de amor. Talvez, curada do clímax da obsessão. Descobriu que ele significaria o fim da sua liberdade e que sua felicidade estava nos braços de outra mulher: Roseli, a mulher de Pã. Realmente, ele não podia ser libertado, mas também não merecia morrer instantaneamente. Tinha que ser lento, sofrer o mesmo que seu pai sofreu. Por outro lado, era tudo o que ele queria, pois tinha a esperança que se fosse deixado para morrer lentamente restava-lhe a dádiva de um milagre.

É mais uma batalha que o autor, Avanilton Carneiro, empenha-se a vencer ao longo dos seus trinta anos de existência no Teatro Conquistense e esquecido nesse interior do Nordeste Brasileiro.

"JULIETA JULIETA" - Avanilton Carneiro


A Produção de textos para o teatro brasileiro é tão evolutiva e volumosa que não tem como sabermos da existência de parte dessa criação. Às vezes muitos desses autores ficam esquecidos nesse imenso interior do país e só com uma oportunidade dessa, através da Internet é que desponta a esperança de não passar toda uma existência lutando pelo o teatro e ter o reconhecimento apenas de uma cidade, uma região ou interior de um estado que já se situa à margem do país.
Muitos desses textos trazem tamanha força no seu todo que são capazes de fazer indivíduos pensar diferente após manter contato com eles, seja na leitura, como literatura, seja assistindo sua montagem, principalmente quando é um texto que enfoca um tema presente dentro da comunidade em que se vive. No caso, “JULIETA JULIETA”, de Avanilton Carneiro, peça que pela importância literária, situa um tema muito forte (principalmente em nosso país): a violência contra a mulher, escondido num outro tema que se confunde e luta para não ser um subtema, mas tem a mesma importância num contexto de debate, no referente a marginalização: o homossexualismo feminino.
No fundo destes dois temas da obra de Avanilton Carneiro destampa uma realidade viva em nossa sociedade: o abuso sexual. Quer familiar, através do pai e da tia, quer fora do seio do lar, através das demais personagens que surgem no caminho da nossa Julieta Soares Silva, personagem que já nasce num lar trágico e perturbado. Filha de pais viciados, após perder a mãe, vítima de uma overdose, ainda criança, é bolinada e estuprada pelo pai que toda noite cheirava cocaína ao lado dela, na cama. A tia que fica com a guarda a envolve sexualmente dando-lhe as primeiras lições de um relacionamento entre duas mulheres. Após uma tragédia finalizadora da vida de sua tia e a suposta morte do pai, a garota foge e, em outra cidade, não só é amparada, mas abusada por uma outra Julieta. A Julieta Maltek. Desse aproveitamento mutuo: uma buscando proteção; outra querendo satisfazer o seu desejo carnal; desponta um lindo relacionamento envolto de amor, mas que pode ser questionado: até que ponto é sentimento até que ponto é busca de proteção? Dúvida quase sempre estabelecida numa vida entre duas pessoas do mesmo sexo onde uma é definida profissionalmente e a outra não.
Por ser atraente e bonita, Julieta Silva torna-se vítima do desejo sexual, principalmente, pelos homens que quase sempre não sabem conter seus impulsos fisiológicos e partem para a agressão e o desrespeito quanto ao processo de ser mulher e ser-humano e merecer o respeito como pessoa. A sua beleza física e o seu modo ousado de vestir-se levam toda uma gangue a violentá-la sexualmente em pleno ônibus coletivo rodeada de cidadãos de bem e ninguém tem a coragem de enfrentar o perigo e salvá-la das garras dos abutres. Ela é vista como uma carne apodrecida, sem nenhum valor, tão somente para alimentar o desejo daqueles urubus ardendo em fome. Esta visão só é estampada porque todos se colocaram nas condições de fracos e impotentes, incapazes de reagirem ante a bruta violência que emana dentro da própria sociedade. Realidade tão presente no nosso cotidiano. Alguns, de tão covardes, aderem à violência imposta pelos brutos e chegam a pagar para também abusarem sexualmente da indefesa Julieta Silva.
Avanilton baseia-se em fatos reais, de tão comuns, deixaram de ser isolados e ao longo do dia a dia são noticiados em cidades diversas, de maneiras diferentes, cenários reais, personagens diversificados, mas o resultado é o mesmo: filha abusada pelo pai, jovem estuprada ou assassinada.
Poderia ser só trágico se não houvesse um tempero cômico para quebrar o lado dramático verificado em qualquer ambiente onde haja almas submissas a desejos fortes que conduz cada personagem a agir rigorosamente dentro da lógica peculiar a sua força interior de conter ou não os seus impulsos.Julieta Maltek, além da sua vida profissional, produtora de modas, não conhece outro dever além daquele de correr em auxílio a Julieta Silva. Pára num sinal e, à margem da calçada, estava aquela menina loirinha e linda, teme ser uma garota de rua, mas, por causa do vestir-se diferente e ser bem tratada, percebe ser apenas alguém com um problema. A leva para casa e começa uma vida a duas. Amor e proteção. Sempre buscando o melhor: Bons estudos, dança, desfile, carinho e amor. Discreta, mas isenta de qualquer preconceito moral, assume o papel de mulher amante de outra mulher sem questionar o porquê e recusa-se a responder quando interrogada. O importante não era ser questionada, mas dar-se, amar e ser amada. Para ela, sua vida particular não interessava a ninguém. Queria era ser feliz e fazer feliz. Não obedecia às exigências do bom senso impostas pela sociedade e religião: heterogeneidade num relacionamento a dois. Ela entrega-se à torrente da própria paixão.

"JULIETA JULIETA" - II


(Foto: Célia Santos ensaiando a coreografia: "Lesbos", de "Julieta Julieta") No dueto que as levam à aproximação carnal cada uma extravasa o seu tumulto íntimo sem lograr comunicá-la a interlocutora e sem compenetra-se das razões irracionais que cada uma arrasta. Maltek quer privar Silva de envolver-se no esporte, pois sabe que é um campo extra seu domínio. Sua amada estaria propícia a outras mulheres que pensam, agem e vivem como elas, sobretudo, bem próxima do outro sexo, quer como torcedores quer como envolvedores com a prática esportiva. Julieta Soares demonstra aceitar o assedio de outras colegas e chega ao ponto alto da sua dúvida quanto à maneira de ser ao revelar a vontade de ser tocada por um homem. Mas, este desejo, não seria a única coisa a esconder. A sua origem não passou de uma história inventada ao se conhecerem. E durante anos sustentou tal mentira.
Embora, o público questione se o amor da moça não seria também uma farsa só para ter a proteção: casa, estudo, comida, dormida, amor, sexo, vida boa. Julieta Maltek, sequer questiona, contraria seus espectadores e sai mais uma vez em defesa da companheira quando descobre que o pai estava vivo e parte para definir o que tinha começado: o abuso sexual, que não significava nada para ele em relação aos oitocentos mil dólares em poder da sua filha, escondidos em algum lugar e a defensora nada sabia. Enganada até o fim. Quais seriam as pretensões de Julieta Silva ao concluir seu curso de medicina com todo aquele dinheiro? O público percebe que o relacionamento, embora bonito e cheio de palavras de amor, há segredos, desconfianças, mentiras, armações e traições.
A religiosidade, tão respeitada em nossa sociedade, não exerce influência na trajetória das personagens. Maltek renega uma figura suprema, mas apela para este Ser Supremo quando não pode ter mais a sua amante nos braços e Julieta Silva se faz verbo e conjuga-se ante a sua amada que ao saber da existência dos oitocentos mil dólares ignora estar diante de um fato tão importante que só Cristo conseguiu: a ressurreição. Abandona aquela que ela sempre amou e a protegeu e parte em busca do dinheiro sem dar a mínima se o autor, naquela cena, satirizava ou não o filme Ghost. E o público fica à mercê de uma lógica para o relacionamento das duas. Havia amor? Quem realmente amou? O dinheiro corrompe uma vida a dois? Leva uma ou as duas a traírem? E o público pode questionar, questionar e questionar. Colocar-se no lugar de cada uma das personagens e não saber como agir diante do fato.
As duas figuras da peça surgem como arquétipos humanos, representam ao mesmo tempo tipos vivos da realidade brasileira que não se entregam às normas estabelecidas pelo sistema ou pela religião. Estabelecem suas maneiras de ser e amar, mas não conseguem ser diferentes quanto às atitudes e o caráter. Avanilton Carneiro sabe fazer esse jogo de personalidades das duas personagens e permite as duas mostrarem onde são mocinhas, onde são bandidas, onde são vítimas e como esconderem o próprio lado indesejado de cada uma. Retrato vivo do ser brasileiro.
Além de tudo isso e não só pela grande função que há na criação literária junto à elaboração cênica, a compatibilidade entre o linguajar e a condição de montagem, mas também para servir como ponto de partida para debates com a comunidade sobre essa praga quase incurável: a violência contra a mulher. Quer pelo homem quer pela própria mulher, porque não entra em pauta apenas a violência sexual, corporal, mas a psicológica.
O homossexualismo não pode ser encarado como uma praga porque muita gente o tem como uma opção de vida e aceita com todo prazer, mas é tema para se debater e nunca chegar a uma conclusão concreta.
Como se pode ancorar no referente à violência? Leis para punir os agressores? Provavelmente, mas jamais uma fórmula para evitar a agressão. E ambos temas estão espalhados nas grandes e pequenas cidades do país, aonde a montagem chegar terá respaldo para se falar que ali também já houve uma violência parecida ou quando acontecer lembrarão da peça. Só não haverá o mesmo tempero cômico, porque na nossa realidade a violência nunca tem o seu lado divertido. Nem mesmo para quem a pratica.
Acreditamos que a montagem desta peça, que traz temas e subtemas tão vivos, no nosso país, só irá enaltecer as encenações cênicas deste nosso teatro.
O texto e o contexto da própria obra, JULIETA JULIETA, ditam as propostas a serem atingidas pelas montagens.Violência versus lirismo domina o texto e aponta duas atitudes tomadas pelas personagens, pois enquanto uma, mesmo mais avançada na idade, se entrega ao relacionamento em busca do ser correspondida, fugindo do real papel que a sociedade impõe a uma mulher; a outra tem a convivência como um esteio para se sustentar nas suas aspirações, quer fugir mas as suas pernas não têm passos próprios.

"JULIETA JULIETA" - III


Além destes temas tão polêmicos, propomos mostrar a força da mulher no teatro, onde as duas personagens se confundem na força do papel que desempenham e torna-se difícil estabelecer quem é a principal protagonista. Desconhecemos o todo da produção literária teatral, no Brasil, mas sabemos que se o texto não é o único é um dos poucos que traz duas mulheres homossexuais e com tamanha força no contexto. Em Vitória da Conquista, cidade onde a obra foi concebida é o único no gênero.
Propomos também, analisar os diversos tipos que participam na comunidade social, como o pai viciado, estuprador, capaz de renegar o fruto de um amor em favor do desejo carnal e do dinheiro tornando-se um assassino; a tia que livra a sobrinha das brutalidades do pai, mas foge as normas estabelecidas pela própria Justiça e a usa sexualmente também praticando a pedofilia; o Negrão, figura que surge para se analisar o quanto a nossa sociedade é preconceituosa e camufla o racismo, é fruto do sistema selvagem do país que sem oportunidade cai nas drogas, furtos e estupros, mas redime-se quando acha uma proposta de trabalho honesto, mesmo com uma ex-vítima; a repórter sempre em busca de um furo: o que é tragédia para uns é prazer de informar para outros; plantonista de uma delegacia pública, retrato de um sistema que quase sempre não respeita os sentimentos de quem busca informação ou auxílio em momentos difíceis.
A peça é misturista por trazer mais de um tema, diversos subtemas e gêneros. Além dos temas enfocados, podemos destacar o circo da moda, sonho de muitas Julietas por este mundo afora, e quem sempre se dar bem são os agentes; o futebol, paixão nacional, onde as mulheres a cada ano buscam conquistas de novos espaços e só não evoluíram em muito porque as Federações e Ligas ainda são dominadas pelos homens; a traição num relacionamento cheio de momentos bonitos, sinceros e cercado de prazeres; a ganância pelo dinheiro, onde os personagens não respeitam amor de pai para filha, de cunhado ou de verdadeiras amantes: o dinheiro conduz o sistema e quem vive nele, no texto, não há a bondade esperada por todos e tão comum como lição de moral, o pai não se arrepende do que fez, quer é mais, o máximo para satisfazer o seu prazer, com a filha e com o dinheiro em poder dela, os psiquiatras que se justifiquem, a amante não quer saber se o seu amor voltará encarnada em outra pessoa ou não, não importa se é branca ou negra a análise vai de acordo a cultura de cada um: o dinheiro era mais importante, poderia realizar todos os sonhos até então inibidos, quantas outras Julietas ela poderia conquistar com toda aquela grana; o confronto de dois grandes temas: a ressurreição versus a reencarnação. A primeira explícita no ato de Julieta Silva voltar antes de subir ao céu, onde ela própria explica que teve uma nova oportunidade para falar onde estavam os dólares que seriam destinados a uma operação que provocaria a sua própria reencarnação na pele do Cherebronildo contradizendo toda a filosofia do catolicismo e do espiritismo; a questão do vício desponta no enfoque de que as drogas podem mudar toda a trajetória normal de uma família, vidas de pessoas normais podem ser destruídas socialmente ou até mesmo ceifadas; a problemática sexual se faz presente nas suas diversas formas e gostos apresentados pelas personagens onde abre um leque para se debaterem essa temática ainda tabu para muitos.
O misturissmo dar-se também quanto ao gênero. O público desconhecedor dos estilos dramáticos nem perceberá, mas quem conhece as escolas literárias viajará ao longo de muitas delas, como: tragédia, comédia, tragicomédia, drama social, policial, beisterol, clássica, romântica, moderna, pós-moderna, modernidade, fantástica... Por isso é capaz de agradar a gostos diversificados.
Nosso trabalho não se limita a um público elitizado, mas a todo indivíduo que queira raciocinar sobre o mundo.
Todo grupo que propõe montar uma peça sabe que tem pela frente um desafio porque a arte exige cuidados sutis para a sua elaboração.
O cenário é a sala da casa de uma agente de modelo numa cidade do interior nordestino e esse ambiente vem como símbolo de quebra da normalidade estabelecida pela sociedade brasileira, porque o comum é viver um casal heterogêneo, mas esse espaço é destinado ao relacionamento de duas pessoas do mesmo sexo. Aí defronta um sistema inovador e diferente do tradicional que não se entrega, luta pelo seu reconhecimento, embora sabe onde e quando tem que recuar para não ser engolido pelo sistema sistematizado. O relacionamento extrapola o espaço cênico e confunde-se com o público, mostrando que ele está conquistando o seu lugar, além de quebrar a distância entre elenco e platéia estabelecida em outros gêneros.
Atores e cenário formam uma perfeita distribuição do espaço, a fim de notabilizar e visualizar o conjunto para o espectador, sem que a ilusão se desfaça.
Assim a concepção cênica se esforçará para criar um ambiente interno dando condições do público sentir que o externo existe e parte para interferir no interno.
Por outro lado, a concepção cênica procurará eliminar, do palco, artifícios desnecessários, utilizando apenas elementos de cena, que valorizem o desempenho do elenco e levem a platéia a uma comunhão de sentimentos.É mais uma batalha que o autor, Avanilton Carneiro, empenha-se a vencer ao longo dos seus vinte e nove anos de existência no Teatro Conquistense e esquecido nesse interior do Nordeste.

"Quando o amor perde" - I

Comentários da Obra: "Quando o amor perde", de Avanilton Carneiro. Este texto traz tamanha força no seu todo que é capaz de fazer indivíduos pensar diferente após manter contato com ele, principalmente por se tratar de uma peça que enfoca um tema presente não só dentro da comunidade em que o autor vive, mas em todo o país: o abuso sexual contra crianças e adolescentes. No caso, “Quando o amor perde”, de Avanilton Carneiro, trabalho que pela importância literária, situa um tema muito forte: o abuso sexual contra menores nos postos de gasolina ao longo da Rio-Bahia, mas o aliciamento de menores dentro e nas portas das escolas públicas tanto para a prostituição como para o tráfico de drogas surge como forte concorrente a roubar o estrelismo da situação principal. Escondido num outro tema que se confunde e luta para não ser um subtema, mas tem a mesma importância num contexto de debate, no referente à marginalização: o homossexualismo feminino. No fundo destes dois temas da obra de Avanilton Carneiro destampa uma realidade viva em nossa sociedade: o abuso sexual. Quer familiar, através do padrinho e do próprio pai; quer fora do seio do lar, através das demais personagens que surgem no caminho da nossa Rudilei, personagem que já nasce num lar trágico e perturbado. Filha de pais separados. Aos quatro anos de idade, após perder a irmã: vítima de um crime bárbaro e perverso quando fazia programa com o objetivo de conseguir o dinheiro para comprar os remédios da irmãzinha que estava com pneumonia, tendo como clientes os caminhoneiros. Ainda criança, Rudilei é amarrada e estuprada por três colegas de escola que passam a possuí-la todos os dias até serem surpreendidos por uma gang formada por dez meninos de rua e todos aproveitam daquela garotinha de menos de dez anos. Mas, o pior estaria por vir. Poucos dias depois, não eram mais crianças do seu porte físico, mas um bruto a violenta levando-a a ser hospitalizada e ficar com uma marca de quinze pontos na vagina. A sua entrada para o Ensino Fundamental poderia marcar uma nova etapa na sua vida, porém, na sexta série, já aos doze anos, é onde aprende a banalizar o sexo em grupo, entrar num bordel comandado por uma colega de apenas treze anos de idade, traficar armas e drogas e se viciar sentada na cobertura da caixa da bomba d’água a menos de vinte metros tanto da diretoria como da secretaria e salas de professores. E ninguém nada fazia para coibir uma constante roda de fumo em pleno pátio da escola onde crianças de dez e onze anos corriam em torno dos usuários aspirando aquele cheiro. Do vício, passa a adquirir armas junto aos policiais que faziam ronda nas proximidades do posto de gasolina aonde ela fazia ponto nas noites frias da Vitória da Conquista, cidade localizada à margem da Rio-Bahia, para alimentar os colegas que faziam assaltos. Nas duas primeiras semanas do Ensino Médio, é expulsa do colégio ao denunciar que uma professora, prima da vice-diretora, fora surpreendida por alguns colegas saindo de um motel com o diretor da sua unidade. Daí, devido o escândalo ter se espalhado, não encontra vaga em outras escolas e parte para a capital baiana, onde de início, no seu primeiro programa, é vítima de uma over dose e quase perde a vida. É quando uma juíza, Máquila, a conhece, embora não seja homossexual, se sente atraída pela a adolescente e mesmo de longe passa a cuidar dela, a faz recuperar da drogas, reencontrar com o pai, voltar aos estudos até a entrada para a faculdade e, sabendo que Rudilei sustentava seus estudos com dinheiro do sexo, marca um encontro e surge uma atração mútua. A vida da garota muda para melhor. Ela só não sabia que a maior tragédia da sua vida surgiria justamente desse relacionamento que tanta felicidade estava lhe causando e que só lendo ou assistindo a peça se tomará ciência de quanto o destino muitas vezes torna-se tão cruel para uma pessoa que quer apenas ser feliz, viver o mais puro amor. Mesmo que seja um amor diferente. A peça é uma ficção cheia de relatos de cenas reais as quais presenciadas e combatidas pelo próprio autor quando ele foi nomeado diretor de um colégio público e encontrou quadros deprimentes, onde, enquanto plantava-se por uma infinita espera pelo coletivo numa parada de ônibus à margem da Rio-Bahia para retornar da longa jornada diária da insegura labuta de dirigir um colégio público presenciava alunas da sua unidade passarem, com roupas devassas, em direção a um posto de gasolina o qual ainda serve de ponto de exploração de menores. Após constatar essas ocorrências, o autor começou um trabalho para coibir tal ação e do diálogo com as meninas surgiram duas peças: “A voz” e “Quando o amor perde”.

"Quando o amor perde" - II

Há cenas nestas duas peças extraídas dos depoimentos em que ele pegava das suas alunas. Ironicamente, o diretor recebeu uma forte pressão e um abaixo-assinado por trinta e um professores por ele ter adquirido um jogo de iluminação para enriquecer as apresentações artísticas que ele promovia no pátio da escola bem como oferecer mais recursos para as apresentações do Festival Interno de Teatro que ele criou e também para contribuir na iluminação das cenas montadas pelos seus alunos de um curso de teatro que ele criou na unidade. Os professores alegaram que a escola não tinha teatro e nem auditório por isso não precisaria de iluminação teatral e que haveria necessidades mais urgentes a serem adquiridas, mas quando estiveram com as condições de pautarem tais necessidades deixaram de aplicar em benefícios para os alunos e compraram cadeiras estofadas e uma TV para a sala dos professores. Avanilton Carneiro escreveu um terceiro texto: “Colégio Kadija”, sem dúvida esta peça será um manual para os professores lerem e debaterem todos os problemas que cercam uma escola. “Quando o amor perde” tem como um dos objetivos somar a essa grande luta de combater a exploração sexual de menores, o aliciamento nas portas das escolas, incentivar as meninas que já estão na vida a estudarem. É uma montagem que vai ter como prioridade a encenação para as jovens e familiares dessas cidades que são cortadas por rodovias de fluxos consideráveis de transportes rodoviários e propor o debate após sua apresentação. O autor vai tentar se colocar presente com esse texto sempre que souber de um evento ou uma semana de debate com tal temática para reforçar ainda mais a discussão. Sabe-se que é difícil resolver tal situação, mas propõe resistir sem se calar. Após ser impedida de estudar nas escolas de sua cidade e com a tragédia da morte de sua irmã nas costas e a sede de vingança no peito, Rudilei foge e, na capital, não só é amparada, mas transforma-se em motivo de desejo de uma outra mulher: A Juíza Máquila. Desse interesse mutuo: uma buscando proteção; a outra querendo satisfazer o seu desejo carnal; desponta um lindo relacionamento envolto de amor, mas que pode ser questionado: até que ponto é sentimento até que ponto é busca de proteção? Dúvida quase sempre estabelecida numa vida entre duas pessoas do mesmo sexo onde uma é definida profissionalmente e a outra não. Nesse ponto de vista, a montagem traz amplos caminhos para se discutirem até onde muitos relacionamentos homossexuais são simplesmente desprovidos de interesses ou são esteios para aqueles que só entram na vida a dois para buscar algum tipo de benefício.

"Quando o amor perde" - III

Por ser atraente e bonita, Rudilei torna-se vítima do desejo sexual, principalmente, pelos homens que quase sempre não sabem conter seus impulsos fisiológicos e partem para a agressão e o desrespeito quanto ao processo de ser mulher e merecer o respeito como pessoa, mas não tem esse respeito nem quando era criança que passa a ser objeto de abuso sexual por diversos homens que compram o seu corpo. O autor entende que denunciando e debatendo tais práticas contribui para conscientizar e inibir pessoas que usam tais adolescentes sem analisarem que elas não estão ali por puro prazer, mas por fome, barriga vazia, carência financeira da família, falta de projetos dos governantes que dêem condições das famílias se manterem e afastarem suas meninas das drogas e da prostituição e não levá-las, serem cúmplices. Ela é vista como uma carne apodrecida, sem nenhum valor, tão somente para alimentar o desejo daqueles urubus ardendo em fome sexual. Esta visão só é estampada porque todos se colocaram nas condições de fracos e impotentes, incapazes de reagirem ante a bruta violência que emana dentro da própria sociedade. Realidade tão presente no nosso cotidiano. Alguns, de tão covardes, aderem à violência imposta pelos brutos e chegam a pagar para também abusarem sexualmente da indefesa Rudilei. Avanilton baseia-se em fatos reais, de tão comuns, deixaram de ser isolados e ao longo do dia a dia são noticiados em cidades diversas, de maneiras diferentes, cenários reais, personagens diversificadas, mas o resultado é o mesmo: menores abusadas por viajantes, familiares. E quantas dessas jovens não são estupradas ou assassinadas? A dureza da realidade não abre espaço para a comicidade, poderia haver um tempero cômico para quebrar o lado dramático verificado em qualquer ambiente onde haja almas submissas a desejos fortes que conduz cada personagem a agir rigorosamente dentro da lógica peculiar a sua força interior de conter ou não os seus impulsos, mas chegaria à platéia sem a veemência que o dia-a-dia dessas menores realmente é vivido por elas. E quando o texto quer ser cômico denuncia a bruta corrupção de Brasília e quão selvagens os representantes do povo agiriam. Máquila, além da sua vida profissional, juíza da infância e da adolescência, não conhece outro dever além daquele de correr em auxílio a Rudilei. Participando de uma ronda para coibir o abuso sexual contra menores é chamada a comparecer a um local onde a polícia havia detido um grupo que fazia uma orgia de sexo e drogas com diversas menores e uma delas agonizava devido a uma over-dose. Determina a sua recuperação e acompanhamento da assistência social. Amor e proteção, mesmo de longe. Sempre buscando o melhor para a sua protegida. Mais tarde, ao se aproximar num programa, cai em uma terrível contradição, pois enquanto combatia o abuso sexual e coordenava um projeto de recuperação dessas adolescentes abusadas, ela própria passa a extravasar seus desejos num quarto de um motel alimentando a vida de garota de programa daquela que ela secretamente ajudou a deixar a vida errada. Discreta, mas isenta de qualquer preconceito moral, assume o papel de mulher amante de outra mulher sem questionar o porquê e recusa-se a responder quando interrogada. O importante não era ser questionada, mas dar-se, amar e ser amada. Para ela, sua vida particular não interessava a ninguém, desde que ninguém soubesse para não ser arrasada profissionalmente. Queria era ser feliz e fazer feliz. Não obedecia às exigências do bom senso impostas pela sociedade e religião: heterogeneidade num relacionamento a dois. Ela entrega-se à torrente da própria paixão. No dueto que as levam à aproximação carnal cada uma extravasa o seu tumulto íntimo sem lograr comunicá-la a interlocutora e sem compenetra-se das razões irracionais que cada uma arrasta. Embora, o público questione se o amor da moça não seria também uma farsa só para ter a proteção: dinheiro do programa e as quitações das mensalidades da faculdade. Máquila, sequer questiona, contraria seus espectadores e sai mais uma vez em defesa da companheira quando descobre o que o destino havia reservado para as duas. Quais seriam as pretensões de Rudilei ao concluir seu curso de direito? O público percebe que o relacionamento, embora bonito e cheio de palavras de amor, há segredos que nem mesmo as duas personagens sabiam e se arrasam emocionalmente quando descobrem. A religiosidade, tão respeitada em nossa sociedade, não exerce influência na trajetória das personagens, mesmo Máquila se revelando ser oriunda de família religiosa e ter a sua formação dentro de uma igreja, mas perante o sentimento pela sua amada renega uma figura suprema. Ao vir à torna o grande segredo das duas, o público fica à mercê de uma lógica para o relacionamento das duas. Havia amor de mulher para mulher? Ou seria possível haver uma atração por conta do destino que só a revelação de um segredo faz uns acreditarem em provável possibilidade ou tudo não passaria de um mero recurso da ficção? E o público pode questionar, questionar e questionar. Colocar-se no lugar de cada uma das personagens e não saber justificar o porquê de tão forte atração de uma pela outra. As duas figuras da peça surgem como arquétipos humanos, representam ao mesmo tempo tipos vivos da realidade brasileira que não se entregam as normas estabelecidas pelo sistema ou pela religião. Estabelecem suas maneiras de ser e amar, mas não conseguem ser diferente quanto às atitudes e o caráter. Avanilton Carneiro sabe fazer esse jogo de personalidades das duas personagens e permite as duas mostrarem onde são mocinhas, onde são bandidas, onde são vítimas e como esconderem o próprio lado indesejado de cada uma. Retrato vivo do ser brasileiro. O autor pegou relatos de diversas alunas e os centralizou em uma personagem e com isso conseguiu denunciar que a sua cidade também não fica fora da rota do abuso sexual a menores, porque a sua terra natal é cortada por diversas rodovias famosas.